Empresas aéreas finadas: justiça decreta falência da Avianca Brasil — veja esta e outras companhias brasileiras que deixaram de existir

A Justiça decretou nesta terça-feira (14) a falência da companhia aérea  Avianca Brasil. A decisão foi tomada pelo juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. A empresa tinha dívidas que juntas somavam mais de R$ 2,7 bilhões, estava em recuperação judicial desde dezembro de 2018 e não voava desde maio de 2019. Segundo o juiz, o plano de recuperação apresentado pela empresa tornou-se impossível de ser realizado dada sua inatividade. Limongi deu um prazo de dois meses para que a Avianca, que chegou a ter mais de cinco mil funcionários, liste seus ativos (que é basicamente o patrimônio disponível). Segundo o jornal Folha de S.Paulo os credores avaliam que não há mais ativos para quitar nenhuma dívida. 

 
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Um triste capítulo da história da aviação brasileira chega ao fim. Eu gostava muito da Avianca, com quem voei algumas vezes (e que rendeu boas histórias, como essa que conto no doses curtas #05). A Avianca não é a primeira (e certamente não será a última) empresa aérea brasileira a fechar suas portas. Vamos relembrar algumas das que encerraram suas atividades por aqui, seja por falências, fusões ou mudança de nome? Algumas mais, outras menos conhecidas, mas que tiveram papel importante no transporte de passageiros e carga no Brasil. Para manter uma ordem, vamos começar pelas mais recentes até a mais antiga, fechando com chave de ouro com a Panair e a Real, duas clássicas empresas que já voaram com as cores nacionais.

1. SETE

 
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Começamos com uma das últimas a encerrar as atividades comerciais. A SETE Linhas Aéreas (Serviços Especiais de Transportes Executivos) tinha sede em Goiânia e fechou as portas em 2016, depois de 40 anos de atuação no mercado. A empresa fazia voos em Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso, Pará, Amapá e Maranhão, tendo sido por muito tempo a principal companhia regional do centro-norte. Uma curiosidade: ela foi fundada pelo comandante Rolim Amaro, empresário responsável pelo crescimento da TAM. A frota da SETE incluía modelos Embraer 120 Brasília e Cessna 208 Caravan (chegou a ter 8 aviões na frota e atender 16 cidades). Era comum ter voos “pinga-pinga", como Brasília – Palmas – Araguaína – Marabá – Altamira. Ufa!

2. VARIG

 
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O fim da Varig, na verdade, tem várias datas, pois ela também entrou em recuperação judicial e houve muitas idas e vindas. Em 2007, ela foi vendida à GOL. Em 2013, a marca saiu de cena completamente, com a aposentadoria dos aviões que levavam sua marca nos voos da nova proprietária. Mas vamos falar da história dessa que foi uma gigante no cenário internacional e que ainda hoje é lembrada por gerações de brasileiras e brasileiros pela excelência nos serviços prestados e por levar a bandeira do Brasil para diversos países. A Viação Aérea Rio-Grandense (daí o nome Varig) foi fundada em 1927 pelo alemão Otto Ernst Meyer, em Porto Alegre – ele bem que tentou apoio em outros Estados, como Pernambuco e Rio de Janeiro (será que, se vingasse por lá, o nome seria Vape ou Varj?). A primeira aeronave utilizada pela recém-criada companhia foi um hidroavião Dornier Do J, com capacidade para nove passageiros, um dos mais modernos da época. O voo de estreia ocorreu entre Porto Alegre e Rio Grande, no interior do Estado. Entre as décadas de 1920 e 1940 a Variz fazia apenas voos regionais, mais depois desse período passou a realizar rotas nacionais mais longas. O ano de 1942 marcou a estreia internacional, entre Porto Alegre e Montevidéu, no Uruguai. Teve participação ativa na construção de Brasília, com inúmeros voos cargueiros levando toneladas e toneladas de materiais usados nas construções. Em 1959, os primeiros jatos comerciais da história da aviação, o Caravelle, foram comprados pela empresa. No ano seguinte, foram substituídos pelos Boeing-707, um dos modelos que contribuíram para o crescimento da empresa – ao todo foram vinte aeronaves na frota. A década de 1970 foi marcada pela expansão das atividades. Nesse período, a Varig investiu no serviço de bordo e em novas rotas e aeronaves. Foi quando passou a exercer papel de destaque entre as concorrentes mundiais e ser reconhecida pela qualidade do serviço de bordo. Constantemente era comparando a empresas renomadas como  Lufthansa, Air France e a hoje extinta Pan Am. Ficou famoso o caviar servido na primeira classe e na executiva – graças a um generoso upgrade (minha mãe tinha quebrado a perna no dia da viagem) pude comer pela primeira e única vez na vida a rica iguaria (odiei). Em alguns voos, o jantar incluía churrasco no espeto, em uma abundância de carne tradicional do Rio Grande do Sul. O serviço chegou a ser premiado como o melhor do mundo em 1979 pela revista americana especializada Air Transport World. O crescimento da empresa foi completado por novos e mais modernos aviões e inauguração de rotas no mercado europeu. A quebra da Varig deixou muita gente saudosa, que até hoje se lembra da empresa com carinho. Eu mesmo tenho boas recordações. A mais maluca foi, quando criança, ter pousado, sentadinho dentro da cabine de pilotos, em um voo de Roma ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O avião era nada menos que um Boeing 747, a rainha dos ares. E, também quando criança, num voo entre a Itália e o Brasil, uma vez a aeromoça gentilmente me ofereceu um rolinho branco e quentinho. Achei que era uma tapioca, muito tradicional aqui no nordeste, e enfiei direto na boca. Era uma toalha para limpar e aquecer as mãos.

3. TRIP LINHAS AÉREAS

 
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Bem, falamos um bocado da Varig, né? Mas ela merece… Agora a bola está com a TRIP Linhas Aéreas (Transporte Regional do Interior Paulista), que começou a atuar no setor em 1998 e logo se firmou no mercado regional brasileiro. Foi fundada pelo empresário José Mário Caprioli, que queria implantar uma malha de alta capilaridade no interior do Estado de São Paulo, inspirado no que havia visto nos Estados Unidos. Conseguiu, e foi além. Com 93 destinos em todas as regiões do Brasil, foi no seu tempo a empresa nacional que atendia o maior número de cidades e considerada a maior empresa regional da América Latina. Contava com a terceira maior frota comercial brasileira, constituída por 58 aeronaves em quatro modelos diferentes, entre eles ATR e Embraer. Também tinha vários voos “pinga-pinga", como o Campinas – Londrina – Presidente Prudente – Cuiabá – Sinop – Alta Floresta. Era também bem humorada. Em uma campanha publicitária, anunciava, entre os trechos, o que ligava Varginha (MG) a Marte. Em 2012, foi anunciada a fusão da TRIP Linhas Aéreas com a Azul Linhas Aéreas. Ao longo de sua existência, colecionou diversos prêmios por aqui e no exterior em virtude da qualidade dos serviços. Já voei na TRIP (nada lembro, pois estava medicado). Nessa viagem eu dopei uma colega de trabalho que não parava de falar – contei sobre o caso aqui no doses curtas #03)

4. WEBJET

 
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A Webjet Linhas Aéreas foi uma empresa brasileira que operava no conceito low cost, low fare (custos baixos, tarifas baixas). Iniciou suas operações aéreas em 2005 e teve vida curta: deixou de operar em 2012, após a aceitação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) da compra pela GOL Linhas Aéreas. Os planos da Webjet foram prejudicados pela acirrada disputa travada no setor aéreo, com uma guerra de preços de bilhetes por parte das líderes no setor nacional. O slogan era “pague menos, voe simples". Começou com um único Boeing 737, e começou mal, pois as concorrentes logo “cobriram a oferta", abaixando suas tarifas para não deixar que a novata roubasse clientes. Ela não fazia vendas por meio de agentes de viagens e sim diretamente por meio de call center e internet. A estratégia logo se mostrou errada. Entre erros e acertos, a companhia ia se mantendo “em pé”. Mas a concorrência com a então TAM e a GOL foi cruel e o sonho de voar simples foi por água abaixo.

5. RICO

 
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A Rico Linhas Aéreas S/A foi uma companhia aérea regional brasileira com sede no aeroporto internacional Eduardo Gomes, em Manaus. Ela tinha autorização para fazer o transporte de passageiros e carga na região amazônica. A companhia foi fundada em 1960, mas suas raízes estão anos antes. Em 1952, o imigrante turco Yurtsever Munur, conhecido como Comandante Mickey, trabalhava como mecânico de avião em Nova Xavantina (MT). Ele então resolveu comprar uma aeronave e começar a voar pela região. As operações consistiam em transporte de cargas para locais de mineração de ouro da região usando aviões de pequeno porte. Anos depois, nascia oficialmente a Rico. Chegou a ter uma frota de 18 aviões, incluindo Boeings 737. Em 2011, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) cancelou sua licença de operação devido à falta de estrutura da empresa e alegando falta de segurança na prestação do serviço depois de alguns sérios acidentes, inclusive uma queda na qual as 33 pessoas a bordo morreram. 

6. TAF LINHAS AÉREAS

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A TAF Linhas Aéreas tinha sede em Fortaleza (CE). Começou a operar em 1971, como uma empresa de taxi aéreo. Os serviços aéreos regulares foram iniciados em 1996. Oferecia transporte de passageiros e carga com nove aeronaves (quatro Cessna 208A Caravan, um 208B Grand Caravan e quatro Embraer EMB-110C Bandeirante) – depois incorporou à frota aeronaves maiores. A TAF voava para Manaus, Belém, Recife, Fortaleza, Sobral, Teresina, Parnaíba, Iguatu, Juazeiro, Natal, Mossoró, Fernando de Noronha e João Pessoa. Encerrou as atividades em 2009. 

7. BRA TRANSPORTES AÉREOS

 
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Fundada em 1999 pelos irmãos brasileiros Humberto Folegatti e Walter Folegatti, a BRA dedicava-se inicialmente a voos charter. Sua primeira aeronave foi um Airbus A310-300 que pertencia à Passaredo (atual VOEPASS). O objetivo da empresa dos Folegatti era competir com o transporte rodoviário interestadual. A BRA assinou acordo com a Rotatur, empresa de turismo do grupo Varig.  Anos depois, passou a operar Boeings 737 da companhia gaúcha, que era líder no mercado. Em 2001 começou a voar com aeronaves próprias (também Boeing 737). O contrato com a Varig foi desfeito em 2005, ano em que abocanhou quase 5% do mercado nacional. Dois anos depois, suspendeu as operações. Em seu fim, a BRA servia mais de 30 cidades e chegou a anunciar o pedido de 40 unidades do modelo Embraer 195 (popularizados no Brasil pela Azul).

8. VASP

 
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A Viação Aérea São Paulo (VASP) foi uma empresa de aviação comercial com sede em São Paulo. A história é bem antiga. Em 1933, em uma cerimônia no Campo de Marte, na capital paulista, foram inauguradas as duas linhas. Na ocasião, decolaram os primeiros voos comerciais da empresa, com bimotores ingleses Monospar ST-4. Um ia para São José do Rio Preto com escala em São Carlos. O outro ia para Uberaba (MG) com escala em Ribeirão Preto. Eles tinham capacidade para três passageiros. Em 1935, a sua frágil saúde financeira fez com que a diretoria pedisse oficialmente ajuda ao Governo do Estado de São Paulo. A VASP foi estatizada e recebeu aporte de capital para a compra de novas aeronaves. Após a Segunda Guerra Mundial, modernizou a frota com a introdução dos Douglas DC-3 e Saab 90 Scandia. Em 1955, inovou ao trazer ao Brasil o moderníssimo (para a época) Viscount 800.  Décadas mais tarde, no início da década de 1990, a VASP foi privatizada. Seu novo presidente, Wagner Canedo, iniciou uma agressiva expansão internacional: Ásia (Osaka, no Japão, e Seul, na Coréia do Sul), Canadá (Toronto), Caribe (Aruba),  EUA (Nova York, Los Angeles, São Francisco, Miami, e Orlando),  Europa (Madri e Barcelona na Espanha, Frankfurt na Alemanha, Zurique na Suíça, Bruxelas na Bélgica, Atenas na Grécia) e Marrocos (Casablanca). Canedo também aumentou a frota, trazendo, entre outros, três DC-10-30 e depois nove MD-11. Foi nessa época que ela também se tornou acionista majoritária de empresas sul-americanas, como a LAB (Bolívia) e Ecuatoriana (Equador). A VASP deixou de operar em 2005 e teve sua falência decretada pela Justiça de SP em 2008. Suas aeronaves hoje estão paradas por aeroportos de todo o país, testemunhas esquecidas de uma triste página da história da aviação comercial brasileira. Na minha adolescência eu voei muito de Salvador ao Rio e São Paulo com a VASP, então quando penso na companhia chegam à minha mente memórias maravilhosas dessa minha fase da vida. 

9. FLY LINHAS AÉREAS

 
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A Fly Linhas Aéreas foi uma companhia aérea fundada em 1995 com sede no Rio de Janeiro. Entre seus destinos estavam Natal, Recife, Fortaleza e São Paulo (Guarulhos), além de diversos voos charters em todo o nordeste e países do Caribe. Nos primeiros anos teve um bom crescimento e uma grande ocupação. Mas sua sorte começou a mudar em 1999 devido à crise cambial, quando a ocupação caiu e os custos dos quatro Boeing 727, que tinham sido escolhidos por ser o melhor tipo de avião para o modelo de negócios da empresa, subiram vertiginosamente. A situação chegou ao extremo depois da crise que a aviação enfrentou em virtude dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA, e posteriormente devido ao avanço da novata Gol no mercado. Suspendeu suas operações em 2005.

10. RIO SUL SERVIÇOS AÉREOS REGIONAIS

 
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A Rio Sul Serviços Aéreos Regionais foi uma companhia com sede no Rio de Janeiro. Era uma linha aérea regional que operava no centro-sul do Brasil – daí o nome. Ela foi criada em 1976 – na época, o Brasil atravessava uma fase de “milagre econômico” que fez com que o Ministério da Aeronáutica dividisse o país em cinco regiões - Norte, Nordeste, Central, São Paulo/Centro Oeste e Sul. Naquele ano, a Top Táxi Aéreo associou-se à  Varig originando a Rio Sul. A empresa operava apenas voos regionais, iniciando operações com uma frota de oito aviões. No início da década de 1980, o grupo liderado pela Varig passou a deter 66% do controle acionário da companhia. Com o passar dos anos, adicionou novos destinos a sua malha, que ficava cada vez mais completa e diversificada. Em 2002, as operações da Rio Sul e da Nordeste (ambas com identidade visual parecida) foram fundidas com a Varig devido à crise financeira que pairava sob a empresa mãe, até o fim completo das operações, em 2003.

11. NORDESTE LINHAS AÉREAS

 
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Quem, assim como a Rio Sul, também surgiu em 1976 e foi embora do mercado em 2003 foi a Nordeste Linhas Aéreas. A companhia foi criada em sociedade do Governo da Bahia e a Transbrasil (que já, já aparece aqui na lista). No início de 1980, tinha a má fama por conta de inúmeros acidentes aéreos – minha infância foi todinha ouvindo esses casos, a sede da empresa era no bairro onde cresci, em Salvador. As fatalidades ocorriam sobretudo com o modelo Embraer 110 Bandeirante. Em 1995, a Rio Sul  adquiriu o controle da Nordeste dando a empresa uma nova identidade corporativa e adicionando à frota aeronaves como Boeing 737-500, Fokker 50 e Embraer 120, por meio de um plano de retirada da malha dos Embraer 110 Bandeirante remanescentes. Até 2002, passou por uma época de crescimento, chegando a operar quase oito Boeings 737, das séries 300 e 500. Assim como a Rio Sul, encerrou as atividades em 2003. Nunca cheguei a voar com a Nordeste (e dou graças a Deus, pois a fama que ela tinha aqui na Bahia realmente era terrível).

12. TRANSPORTES AÉREOS DA BACIA AMAZÔNICA (TABA)

 
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Também em 1976 surgiu a TABA. Em uma tentativa de desenvolver a companhia, novas aeronaves, como o holandês Fokker 100 (ainda sem a má fama que ganhou nas décadas seguintes) e o De-Havilland Dash 8, foram incorporadas à frota. Em meados dos anos 1990, a TABA operou dois Boeing 727 na versão Super 200 (PP-AIV e PP-AIW), que eram uma versão mais alongada do modelo, em parceria com a Air Vias, mas, após vários erros administrativos, desvalorização da moeda nacional e crise monetária no país, a empresa começou a ter suas aeronaves retomadas por seus proprietários, até chegar ao ponto de não ter mais condição de voar devido à falta de aeronaves, restando apenas uma unidade do Embraer 100 Bandeirante. E assim, minguando cada vez mais, a TABA encerrou suas atividades em 1999.

13. TRANSBRASIL

 
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A Transbrasil foi uma companhia aérea que figurou no hall das maiores em operação no país, atrás da Varig, Cruzeiro e VASP. Foi fundada em 1955, sob o nome de Sadia S.A Transportes Aéreos. O motivo por trás do nome deve-se ao fato de a fundação ter sido feita por Omar Fontana, filho de Attilio Fontana, fundador da empresa Sadia. Omar arrematou um avião Douglas DC-3 para transportar carne fresca de Santa Catarina a São Paulo. No ano seguinte, já começava a oferecer voos combinados de carga e passageiros. Em 1961 adquiriu a Transportes Aéreos Salvador, ampliando sua frota e voando até a região Nordeste. O modelo Dart Herald foi incorporado à empresa em 1963. Os anos 1970 foram marcados por um grande crescimento. Em 1973, Omar abriu o capital e mudou a razão social da empresa para Transbrasil S.A Linhas Aéreas. Os aviões começaram a ser pintados em cores alegres e chamativas e logo viraram uma marca facilmente reconhecida. Nos anos 1980 ocorreram ampliações e consolidação do mercado. Em 1983 chegaram três Boeing 767, com os quais iniciou voos charter internacionais para os EUA. Os anos 1990 foram dedicados a conquistar novas rotas internacionais, como Miami, Nova York, Washington, Viena, Amsterdã, Londres e Buenos Aires. Foi dado prosseguimento na renovação da frota, incorporando novos Boeings 737 e substituído os antigos 707 e 727. Omar esteve à frente da empresa até 1998 e só deixou o cargo máximo por problemas de saúde — faleceu em 2000. A Transbrasil encerrou suas atividades no ano seguinte e sua falência foi decretada no início de 2002. Lembro com muito carinho da empresa e seus coloridos aviões. Nunca me esqueço de voar nos 767-300ER saindo de Salvador para São Paulo nos anos 1990. Na época o aeroporto aqui da capital não era equipado com fingers. Era delicioso ir andando pelo asfalto até a aeronave, ficar pertinho dela. Teve um voo que foi noturno,  o avião todo iluminado, parecia uma nave espacial. Bons tempos em que eu apenas amava (e não temia) a aviação. 

14. CRUZEIRO DO SUL

 
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Os Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, também chamada de Cruzeiro do Sul ou simplesmente Cruzeiro, era uma empresa inicialmente chamada de Syndicato Condor. Foi constituída em 1927 no Rio de Janeiro, herdeira da operação da Condor Syndikat, companhia alemã criada por pioneiros do país europeu. A empresa nasceu operando entre Rio de Janeiro e Porto Alegre, mas logo estava fazendo voos até Natal – por conta da proximidade com a Europa, era na capital potiguar que muitos aviões faziam sua primeira parada na América do Sul.  Os voos eram operados por Dorniers Val e Junkers G24. Com o início da Segunda Guerra Mundial, ficou cada vez mais difícil obter as peças de reposição para as aeronaves alemãs. O Governo Vargas, inicialmente simpático ao Eixo (do qual a Alemanha fazia parte), mudou de posição no meio do conflito e passou a apoiar oficialmente os Aliados. O Syndicato Condor percebeu então que era fundamental a mudança de nome, afastando-se de suas origens alemãs (assim como fez a Família Real inglesa). Nasceu então em janeiro de 1943 a designação Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul. No mês seguinte, a empresa comprou quatro Douglas DC-3  e começou a mudar sua frota para equipamentos norte-americanos. A Cruzeiro, já internacional (com voos para Buenos Aires), ganhou, em 1947, o direito de servir Porto Rico, Nova York e Washington. Com o fechamento da Panair do Brasil, acabou herdando aviões do modelo Catalina, mantidos em operação nas rotas amazônicas. A década de 1970 começou mal para a empresa, tendo encontrado crescentes dificuldades para competir com a Varig, VASP e o crescimento da Transbrasil.  Em 1975 a Cruzeiro foi adquirida pela Fundação Rubem Berta, então controladora da Varig. Embora Varig e Cruzeiro do Sul tenham sido mantidas como empresas separadas que funcionavam como um consórcio, na realidade as frequências e frotas foram integradas e racionalizadas. Em 1997, o último 737-200 ainda pintado com o esquema de cores do Cruzeiro e com o registro da antiga empresa recebeu as cores da Varig. Por falar nisso, acho elegantíssima a pintura da extinta companhia, sobretudo a estilizada constelação do Cruzeiro do Sul na cauda.

15. PANAIR DO BRASIL

 
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A Panair do Brasil foi uma das companhias aéreas pioneiras e mais emblemáticas aqui do país. Nasceu como subsidiária de uma empresa norte-americana, a NYRBA (New York–Rio–Buenos Aires), em 1929. Incorporada pela Pan Am no ano seguinte, teve seu nome modificado de NYRBA do Brasil para Panair do Brasil (ainda bem), em referência ao código telegráfico da Pan American World Airways (PANAIR), controladora da empresa. Foi a principal empresa aérea brasileira entre 1930 e 1950, e perdeu mercado – principalmente o doméstico – em meados do século passado com o crescimento da Varig e da Real. A partir de 1942, as ações da empresa começaram a ser transferidas para investidores brasileiros, tornando-se ela majoritariamente nacional em 1948. No final da década de 1950, houve pressões para que a Panair se tornasse totalmente nacional. Tudo levava a crer que a Varig naturalmente se envolveria na aquisição de parte da empresa, porém a Panair acabou nas mãos de outros empresários. A empresa símbolo de uma era de ouro da aviação nacional teve suas operações aéreas abruptamente encerradas em 10 de fevereiro de 1965, devido a um despacho do governo militar, que suspendeu suas linhas. A opção pela suspensão, em vez da cassação, teria sido um mero artifício técnico encontrado pela ditadura. Assim, as operações poderiam ser, na prática, paralisadas de imediato, sem passar pelos prazos legais de uma cassação. A alegação das autoridades governamentais era de que a companhia era “devedora da União e de diversos fornecedores”. Muitos de seus ex-funcionários e mesmo autoridades consideram tal ato uma arbitrariedade, comum em regimes de exceção como aquele a que o País estava, infelizmente, submetido à época. Documentos indicavam que, entre todas as empresas aéreas brasileiras, a Panair era a que possuía o menor montante devido ao Governo. Alguns pesquisadores acreditam que a destruição da companhia foi motivada pela perseguição política que o regime militar movia contra os proprietários da Panair, os empresários Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen – dono também da TV Excelsior, que foi igualmente fechada por ordem do governo militar brasileiro. Que lástima a Ditadura Militar.

16. REAL TRANSPORTES AÉREOS

 
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A Redes Estaduais Aéreas Ltda - Real Transportes Aéreos foi uma  companhia aérea brasileira fundada em 1945 pelo empresário paulista Vicente Mammana Neto. O primeiro voo foi entre São Paulo (Congonhas) e Rio de Janeiro (Santos Dumont). Da segunda metade da década de 1940 até 1955, a empresa experimentou sua primeira grande expansão, pela aquisição de empresas menores. Com a compra da LATB - Linha Aérea Transcontinental Brasileira, em 1951, a Real expandiu consideravelmente sua malha na região nordeste. Com todas estas incorporações, a frota chegou a ter 117 aeronaves, um número impressionante para a época. As primeiras rotas internacionais foram abertas em 1951, com voos para o  Paraguai. Mas foi com a compra de 87% da Aerovias que levou a Rela a alçar voos para os Estados Unidos. Em 1960 a Real mudou sua denominação para Real Aerovias Brasília e expandiu suas rotas, chegando a Tóquio. Porém, no ano seguinte, foi comprada pela Varig. 

Espero que tenham gostado desse panorama de algumas companhias aéreas que voaram pelos nossos céus no passado, um capítulo muito interessante da história da aviação mundial. Empresas decolam e pousam de vez (metaforicamente falando). O caso da Avianca não é o primeiro e nem será o último. Que venham novas companhias!