Planejando viagens: o peso das escolhas

Estou planejando uma viagem com amigos no fim do ano. Destino: Espanha (nós) e Itália e Suíça (eu), para visitar parentes. Nada definido ainda. Temendo desde já os voos? Claro.

E como cansa esse negócio de planejar.

 
 

Decidi que, se tudo der certo e os planos se concretizem, vou viajar da mesma forma que fiz quando fui pra São Paulo: apenas com bagagem de mão. A meta é não pagar a mais para despachar mala e também não ficar arrastando peso por aeroportos, taxis, metrôs (algumas estações nem escada rolante tem), calçadas, recepções e hotéis, muitos deles sem elevador. Isso significa levar apenas um volume de dez quilos e mais um item pessoal, que no meu caso é sempre uma mochila cheia de roupas. Guarde essa informação pois será útil mais pra frente.

Definir o roteiro da parte da Espanha foi fácil: Madri, Sevilha e Barcelona. Quer dizer, fácil, vírgula. Toma-lhe busca de apartamentos para três pessoas (ou quatro, caso meu marido consiga ir) em sites de aluguel por temporada ou de reservas em hotéis, para ver quem oferece a melhor relação custo-benefício. As opções baratinhas são horrorosas, cenários de filme de terror. Mais parecem cativeiros e estão longe do centro, onde geralmente ficam concentradas as principais atrações turísticas. Os lindos, belíssimos, de bom gosto, com convidativos terraços para tomar uma taça de Aperol Spritz no fim de tarde e aquecer os motores, esses custam o fígado, um rim e um terceiro órgão à sua escolha.

Passado esse momento, é hora de ver o resto da viagem. Primeira etapa: de Barcelona para Brindisi, cidade pequena onde mora minha família italiana e que, obviamente, não tem conexão direta com a capital da Catalunha. Seriam dois voos. Aí já bate aquele pavor de avião. Seria melhor ir pra Zurique e depois “descer” pro sul da Itália? E descer como? Passar 11 horas no trem com várias baldeações? E agora? Começo a ver passagens por vias férrea e aérea e comparar preços. De um jeito, perco tempo e fica mais caro, mas evito sair do chão. Do outro modo, economizo, mas enfrento duas decolagens (sobreviverei?). E depois: qual tarifa escolher? Tem ainda o detalhe: na Europa, parece que a moda é aceitar malas de mão de até oito quilos, e não de dez, como no Brasil. Pela minha experiência eles, por lá, são bem rígidos com as regras no check-in. Poxa, dois quilos fazem muita diferença, principalmente para quem vai passar um mês viajando — sim, vou lavar as roupas nesse período fora de casa pois não sou nenhum sujismundo. Ainda bem que não sou consumista e compras não me atraem (e os euros não abundam em minha conta). Difícil vai ser controlar o ímpeto das tias em querer mandar coisas pra mim (e para os demais membros da família que habitam do lado de cá do Atlântico). Mas acho que o tradicional pacotinho de alcaparras colhidas no mato por uma maravilhosa tia vou ter de trazer, não há como negar. Rafael, indo ou não, vai querer essa maravilha.

E será que eu vou poder embarcar com os dois volumes, ou seja, a mala — que era de dez quilos e agora passou a ter oito — e o item pessoal? Ok, vamos olhar os detalhes da tarifa no site. Nesse ponto, as companhias aéreas tendem a ser meio dúbias. Entro em contato via instagram. Me respondem que lá com eles não tem esse negócio de embarcar com duas malas de mão. Ou seja, teria de despachar uma. E dobrar o preço do bilhete. Aproveitei para confirmar se comprar a franquia de despacho de bagagem no site sai mais barato do que no aeroporto (vai que caio nas mãos de alguém bonzinho no check-in e deixa passar a mochila centímetros maior que o limite). Resposta: sim, no aeroporto, na hora, é mais caro. Aí já surge a ansiedade de ficar no “será que vão barrar minha bagagem? E se tiver de ir em outro lugar para pagar?". Olha todo esse estresse desnecessário para quem viaja, sobretudo quem tem medo de voar. É tudo que um panicado não quer. E eu sou certinho mesmo, não minto, então melhor não tentar contar com a sorte.

Aliás, tenho de dizer aqui: ponto super positivo para as redes sociais da Swiss e da Easyjet. Responderam todas as minhas dúvidas em questão de poucos minutos (sobre tarifas, número de bagagens de mão, preços etc). Já a da ITA Airways estou esperando a resposta até agora, mesmo tendo entrado em contato há quase uma semana.

 
 

E pra sair de Brindisi e ir pra Roma? Trem? A tarifa está bem mais cara que o avião, acreditem se quiserem. O tempo é mais ou menos o mesmo, levando em consideração que, caso opte por ir voando, tenho de chegar duas horas antes no aeroporto. Além disso, o avião pousa longe de Roma e é preciso esperar e pegar o ônibus pro centro (cerca de uma hora de distância, isso sem engarrafamento, comuns por lá) e de lá um carro de aplicativo (aliás, li que na capital só tem taxi, vou checar depois) para me levar onde vou me hospedar e UFA! Já o trem de Brindisi para Roma eu encarei várias vezes e está longe de ser super veloz. A vantagem é que nele eu posso levar quantos quilos quiser sem ter o funcionário medindo e pesando minha mala como se fosse uma candidata a Miss Universo (as regras desses concursos ainda são assim excludentes?). Ah, e trem não decola. Além de sair e chegar nas regiões centrais das cidades. Muito prático.

Ah, já falei aqui que estava em dúvida de trajetos e companhias aéreas, não? Em geral, se a empresa voa dentro do espaço da União Europeia é bom sinal, pois por lá vigora um tratado que só permite sobrevoo, pousos e decolagens de companhias tidas como seguras. Então pelo menos isso me acalma um pouco. Minhas mãos param de suar por um momento.

Mas….. há empresas seguras e outras mais seguras ainda? Para tirar as dúvidas, corro pro ranking maravilhoso e renomado da Skytrax (você pode ver aqui), que todo ano divulga a lista de “quem é quem” na aviação mundial. Eles avaliam diversos critérios, como segurança, histórico de incidentes e acidentes, conforto, desempenho dos funcionários, estado dos aviões etc.

E para surpresa minha, uma das que eu achava ser ótima era apenas três estrelas! Melhor ir na low-cost que cobra os dois olhos, as córneas e o pulmão direito pela mala despachada, mas é quatro estrelas. Ah, essa empresa vende um seguro segundo o qual o passageiro estará protegido caso perca uma conexão… com a mesma companhia! Ou seja, se o primeiro voo atrasou e você perdeu o segundo, caso não tenha contratado o seguro, já pode ir desembolsando um bilhete novo.

Nem começou a viagem e já estou cansado. Bom deve ser ter um jatinho privado para ir onde quiser, sem conexões, sem limite de peso de oito quilos de bagagem. Mas aí nem vendendo todos os órgãos do corpo. Quando é o próximo sorteio da Mega-sena?