Rivotravel explica: arremeter
Volta e meia alguém me manda uma mensagem dizendo: “meu Deus do céu, valei-me minha Nossa Senhora, o avião que eu tava arremeteu o pouso e quase morri do coração”. Relatos como esse são bem comuns. Mas você sabe o que é arremeter? E sabe se é um procedimento seguro?
Arremeter nada mais é do que abortar um pouso. Podem causar desconforto em passageiras e passageiros, sobretudo quem tem pavor de voar (mas muita gente que não tem aerofobia relata um certo medo). Mas muita calma nessa hora. O objetivo é aumentar a segurança e diminuir o risco de um pouso que possa gerar algum problema, seja ele pequeno, médio ou grande.
O piloto ou pilota decide arremeter quando, ao se aproximar para pista, verifica que nem todas as condições para o procedimento estão corretas, ou seja, que de algum modo a segurança pode ser comprometida. Não, não imagine o Godzilla atacando o avião ou um cometa vindo em direção a ele. Quadros adversos são geralmente velocidade ou altitude inadequadas (o avião deve chegar para o toque no solo com uma velocidade e altitude específicas para aquela ocasião) ou por fatores externos, como mudança repentina do vento ou algum objetos na pista.
Seja qual for o fator, todos os profissionais da área garantem que arremeter é perfeitamente normal e que, sobretudo, aqueles que pilotam o avião fazem inúmeros treinamentos para garantir que tudo ocorra bem. Imagine como sendo algo que um profissional faz com extrema destreza e que, para você, por ser leigo no assunto, parece super complicado, mas que para quem realiza o ato é fácil e corriqueiro.
Mesmo quando está tudo OK para o pouso, outros problemas podem dificultar o trabalho do piloto. Um dos mais comuns é a tesoura de vento, quando ventos fortes estão presentes próximo à cabeceira da pista e desestabilizam a aproximação do avião. Outro caso que pode ocorrer é o avião que pousou logo antes não ter liberado a pista a tempo, impossibilitando um pouso em segurança.
Quando opta por uma arremetida, o piloto deixa de lado os procedimentos de descida e dá os comandos para que o avião volte a ganhar altitude. Quem estiver no comando da aeronave opera o aumento da potência dos motores (ou seja, ele acelera) e levanta o nariz do avião para ele subir novamente. O trem de pouso é recolhido e é feita a mudança no posicionamento dos flapes.
“Não existe aquilo de que o piloto fez uma manobra arriscada para evitar uma tragédia. Em vez de pousar, o piloto simplesmente continuou voando o avião, o que é mais seguro do que pousar em condições inadequadas. É algo normal e que envolve muito treinamento”, afirmou o comandante Miguel Ângelo em entrevista ao portal UOL em 2018.