Feedback dos leitores #01 — O louco e divertido divã da caixa de comentários do rivotravel

Meu marido costuma tirar sarro da minha cara, dizendo (com razão, devo admitir) que todas as minhas dúvidas eu resolvo fazendo enquetes ou perguntas nas redes sociais. Qual o melhor restaurante que serve moqueca de arraia? Onde comprar camisas douradas para o fim de ano? Hoje mesmo, cerca de uma hora atrás, perguntei a meus amigos em minha conta pessoal do instagram se uma determinada e famosa clínica de ortopedia aqui de Salvador era boa ou não — a julgar pelas respostas de meus amigos devo passar longe de lá.

Todos esse preambulo é para dizer que sim, eu amo o jogo de perguntas e respostas da internet. Acho a rede mundial um território rico para trocas, para saber mais (ou tudo) sobre um lugar, um estabelecimento, um país. E sobre nossos próprios medos também. Quando esse site nasceu, lá em 2017, ele tinha como uma das propostas ser um ponto de encontro virtual, oferecer informações para os internautas com aerofobia e recolher depoimentos pessoais (e passionais), tragédias, comédias, dramas que divertem e comédias que emocionam. Muitas histórias eram tão suculentas e a capacidade de rir de si mesmo era tão grande que acabaram virando pauta para o entrevista com o panicado, parte do site na qual conto com mais profundidade as histórias e os percalços dos viajantes que sofrem com medo de voar (aqui um link para a última entrevista até o momento).

 
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E as (e os) internautas amam abrir seus corações para o jornalista aqui, que definitivamente está mais para paciente do que para psicólogo ou terapeuta. Mas o fato é que o rivotravel virou um grande divã. A maioria dos relatos, alguns bem longos, chegam pela caixa de comentários nas matérias. Sim, esse espaço quase esquecido hoje em dia, em tempos de tik tok e afins (por falar nisso, abrimos nossa conta lá na rede chinesa umas semanas atrás, nos rendemos à modernidade, mas sem dancinhas…).

Uma das campeãs de comentários super recheados de pavor é a matéria sobre sonhos com aviões. “Sempre tive medo de altura, nunca viajei de avião, nem voei em nada, aqui onde moro nem tem aeroporto, mas desde criança sonho com aviões, lembro do primeiro sonho, havia uma frota de helicópteros de guerra no céu, eram tantos que cobriam o azul do céu quase todo. Depois passei a sonhar com várias quedas, sempre eu estava longe do avião, apenas observando ele cair, aviões e helicópteros e até satélites caindo em meus sonhos”, conta o leitor Breno Luiz. O texto é bem grande, mas ele arremata positivamente: “fico mais tranquilo em saber que não sou o único e nem são poucas pessoas que tem isso, na verdade eu já estava me acostumando a ter esse tipo de sonho, e agora que sei que é provocado pelo medo e ansiedade, posso passar a ignorá-los com mais tranquilidade. Uma boa noite de sono a todos, com os pés no chão e os aviões em segurança”. Adorei a positividade, Breno.

Mas nem sempre os relatos têm final feliz. “Quem não sofre de aerofobia não imagina o sofrimento, a angústia, as oportunidades perdidas. Meu sonho é conhecer o mundo, mas parece que estou acorrentado”, conta o leitor Téo. Ele diz que passa por acompanhamento de psicóloga e psiquiatra, mas o que “resolve” o problema é a presença da esposa no avião. Ele diz se sentir um covarde (olha, Téo, acho que você precisa ler essas matérias aqui do rivotravel, sobre o medo que os homens têm de ter medo).

 
 

As leitoras ficaram fãs da matéria sobre maternidade e pavor de avião. Danila Lima conta que deste criança tem medo de voar. Só viajou duas vezes, e mesmo assim tomando muito remédio para se acalmar (espero que com recomendação médica, Danila…). O maior medo da panicada é travar, surtar dentro do avião ou se entupir de remédio e deixar a filha sozinha. “Achei seu blog hoje e estou adorando todos os relatos. Infelizmente, convivo com gente que acha que fobia de avião é frescura. Só quem tem sabe o quanto ela é nociva”, escreveu.

Em épocas de Covid-19, é claro que não poderíamos deixar de abordar o tema, em mais de uma matéria, inclusive. O leitor Thiago comentou na matéria Como é voar em tempos de Covid-19. “Precisava ler antes de viajar. Quem vai viajar não precisa entrar em desespero. Sigam as medidas de prevenção. Uma boa máscara N95, álcool em gel e coragem. Deu tudo certo. Já fez quase 11 dias da viagem e não apresentei nenhum sintoma”.

Voar realmente é um problema para muitas e muitos. Quando o voo é em um turboélice, então..`. Mas fizemos um texto para desmistificar o assunto e mostrar que o avião é tão seguro quanto os “a jato”. “Matéria muito boa mesmo, é sempre bom ouvir outras panicadas e não se sentir tão louca assim e ouvir especialistas pra ajudar a tirar, um pouco, o medo”, comentou Izabela Aquino.

 
 

As leitoras e leitores também capricharam nos comentários da matéria Viajo amanhã: SOCORRO. “Fico pensando ‘por que comprei essa passagem?'. Me dá vontade de cancelar tudo e pedir o reembolso, já sinto vontade de chorar desde já. Como é ruim a pessoa amar viajar, conhecer lugares e ter pânico de avião”, afirmou Belle. Pois é, querida panicada, esse é o maior mistério que intriga a comunidade dos que sofrem com medo de avião. Amamos viajar, mas odiamos ter de entrar em um tubo metálico que voa a quase 900 quilômetros por hora. A vida é justa? Nem um pouco. Eu mesmo estou aqui doido para essa pandemia acabar para poder tirar a mala do bagageiro do armário e colocá-la em outro bagageiro (o da aeronave). Para onde? Ainda não sei. Mas vou amar passar medo depois de tanto tempo em solo.

E aí, o que acham disso? Desabafem aqui. Contar e rir sobre as próprias limitações é libertador. Encorajo vocês a comentarem as matérias aqui do site, pois além de eu adorar ler vocês, sempre tem alguém que se sente menos só quando experiências são partilhadas assim. Quem sabe não faço outra publicação com um giro pelos comentários?

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