Comprei as passagens: SOCORRO — São Paulo 2023: Episódio I

Cinco anos atrás, quando cheguei na véspera de voar, escrevi uma matéria intitulada “Viajo amanhã: SOCORRO” embalado pelo mais puro nervosismo. Como fez muito sucesso e é bastante lida até hoje, resolvi fazer esse relato quentinho. Acabei (acabei mesmo, não tem nem 10 minutos) de comprar minha primeira passagem aérea em cinco anos. A última vez que botei os pezinhos em um “lindo” avião foi em 2018. Depois veio pandemia, e eu não saia nem para ir na esquina de tão panicado com o vírus que eu fiquei, imagina se ia encarar uma viagem aérea.

 
 

Pois é. Mas agora vai. Aliás, será que vou mesmo? Sempre acabo indo, então posso dizer que agora vai, sim. Pelo menos com uns 99% de certeza, pois nunca se sabe se vou desistir de última hora, não é? Vou para São Paulo com minha mãe e volto com meu marido — não., não vou largar minha progenitora lá nem resgatar minha cara metade na capital paulista. Mas é que ela volta antes sozinha pra Salvador, daí Rafa chega lá e a gente volta junto. Por que isso importa? Pois significa que, na ida, Salvador—São Paulo, eu vou ter de ficar bem alerta (ou seja, menos dopado de remédio) para ajudar minha mãe na ida ao aeroporto, check-in, procedimento de segurança, espera, embarque (ufa, já cansei). Ela tem 83 anos e certa dificuldade de locomoção. Como bom filho que (acho que) sou, vou levar minha bagagem de mão, minha mochila, a bagagem dela e a bolsa enorme. E empurrá-la na cadeira de rodas. Espero que algum funcionário bondoso ajude. Enfim, é bom maneirar num certo remedinho. Talvez deixe pra tomar já perto da hora de entrar no avião, assim vai fazendo efeito aos poucos. Tomara que não tenha de eu mesmo ser carregado numa cadeira de rodas…

Ah, detalhe: minha mãe gosta de viajar na primeira fileira, pois tem mais espaço para as pernas, fica perto do banheiro e é mais rápido para desembarcar. Nesse voo, então, pra estar ao lado dela, tive de abrir mão de meu assento da sorte, que é o penúltimo, no corredor, do lado direito. Vou rezar muito, mesmo sendo ateu? Com certeza! Pra Deus, Buda, pros Orixás, pra todas as santidades.

E na reserva, sem querer, meu olhar foi direto pro modelo do avião: 737 MAX. Oh, my God. Justo o MAX. Ele ficou anos em terra sendo revisto, pois uma sequência de erros no projeto e no treinamento dos pilotos levou a dois acidentes fatais em outubro de 2018 e março de 2019. Mas, calma, Salvatore, foi tudo revisto e recalculado, a fabricante resolveu tudo, os órgãos de controle dos EUA, país sede da empresa fabricante, liberaram o modelo para uso comercial, vai dar tudo certo. Respira, respira…

E assim. O pouso na ida é em Guarulhos. Adoro. Não tenho memórias de acidentes (sei que como jornalista eu deveria procurar, mas não quero mexer em vespeiro agora). Mas a decolagem vai ser em Congonhas. Meu Pai amado. Esse voo vai ser tenso. Rafa vai ter de segurar uma das minhas suadas mãos (pois a outra estará levando comprimidos à boca). Mas não dá nada, né, gente? Vai dar tudo certo. Voar só não é mais seguro que pegar elevador (até fizemos matéria AQUI), e eu pego elevador numa tranquilidade.

Eu tinha até esquecido como era chato comprar passagens. Caçar promoções. Se frustrar por ver que aquele preço anunciado nunca corresponde ao que estará te esperando no site (se bem que o Google Voos é bem bom. Conhecem?). Nessas horas (mas só nessas horas mesmo) eu agradeço por termos poucas companhias aéreas comerciais no Brasil. Sei, sei que uma ampla concorrência diminui o preço das passagens, mas se buscar entre três empresas já é um suplício pra mim, imagina se fosse que nem em outros países onde a oferta é maior? Não, obrigado.

Mas é realmente dura essa etapa: imaginar o seu dinheiro saindo, indo para as avantajadas contas bancárias das empresas aéreas. E fora que todo processo de compra é chato. Preencher mil coisas, põe dado aqui, número ali, diz “não, obrigado, não vou viajar com um PET”, “não quero seguro” (será que deveria optar por um seguro? Tarde demais), CEP do endereço da fatura (céus). Confesso que a Amazon (publi não paga) me acostumou mal acostumado: em dois toques na tela do celular e pronto, tudo resolvido. Queria voar assim…

Apesar dos perrengues chiques e da dor de voar, espero que essa viagem para São Paulo seja ótima. Nesses últimos cinco anos não sai de minha cidade (Salvador). Acho que nem na região metropolitana eu fui (minto, acho que fui uma vez em um município vizinho, mascarado e besuntado em álcool gel, em 2020, levar minha mãe na praia para um banho de sol de 10 minutos). Dessa vez vou poder acompanhá-la com menos estresse (valeu, ciência; valeu, vacina). Já estou fazendo roteiros e listando as coisas e lugares que ela quer ver. Como dizemos nós, soteropolitanos: vai ser massa.

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