Cinco dicas que podem transformar sua viagem — #01
Viajar é bom demais, né? Se não fosse, eu não estaria aqui escrevendo pro rivotravel — e provavelmente você não estaria lendo esse texto. Mas existe uma verdade quase inegável: viajar cansa! E como muitas e muitos das leitoras e leitores sofrem de medo de voar, decidi criar essa série de matérias (sabe-se lá quantas serão…) para minimizar as chances de estresse em sua viagem. Já não bastam os aeroportos aviões e principais destinos turísticos abarrotados de gente, né? Para mim, situações que geram ansiedade antes e durante o voo acabam sendo um gatilho para aumentar meu pânico. Então tento diminuir a ocorrência desses problemas.
Turismo, negócios, lazer ou por outro motivo: sair de casa para passar uns dias fora pode ser um trabalhão, tanto é que muita gente diz que o melhor de tudo é a hora de voltar ao lar, doce lar. Mas não precisa ser assim. Com um pouco de organização dá para reduzir o peso das partes chatas. Eu já viajei muito nessa vida, então fui aprendendo uma coisinha ou outra na prática. E é com esse espírito que boto na pista de decolagem deste site a primeira edição do Cinco dicas que podem transformar sua viagem ☺
E isso começa já na hora de organizar a viagem. Como você vai viajar? Sozinho? A dois? Com um grupo de amigos? Qual o seu orçamento? Vai ficar em hotéis, albergues, Airbnb ou casa de amigos? Quantos dias vai durar a viagem? Ufa, um monte de coisa, né? Mas calma: com certa antecedência (que é fundamental para uma boa viagem, até para conseguir passagens mais em conta) e uma dose de pragmatismo dá para sair dessa numa boa.
1) Reserva para um, dois ou mais?
Vamos começar pelo começo. Será uma viagem solo? Ótimo! Adoro viajar sozinho. Nada melhor do que acordar na hora que eu quero, tomar café da manhã no meu ritmo e fazer o que eu gosto. Uma parte chata é, às vezes, não ter com quem sair de noite, pra uma badalação mais fervida, ou dividir uma banalidade com verniz inteligente e profundo vendo uma paisagem bonita. Tem gente que pede a amigos que indiquem conhecidos que moram nas cidades por onde vão passar, para ter companhia. Eu particularmente não gosto (a menos que a pessoa me conheça bastante, para poder fazer indicações precisas and preciosas rs). Caso contrário, sou mais sair sozinho e tentar conhecer estranhos, se assim tiver vontade. Como sou péssimo nisso, sempre dá errado. Mas levo na esportiva. Uma opção para quem quer se enturmar fora de sua cidade de origem é fazer um perfil no site couchsurfing. Lá há a opção de busca por eventos, como ida a bares, passeios a pontos turísticos em grupo etc. Tudo de graça, com o objetivo de sociabilização entre viajantes do mundo todo (já escrevemos sobre como funciona o couchsurfing nessa matéria aqui). Outra forma é pelo Airbnb. Sim, o site de hospedagens oferece o que eles chamam de “experiências”, como, por exemplo, aprender a fazer pratos típicos, tours guiados com moradores mostrando os segredos locais, degustações de vinhos ou dar uma volta na cidade em um carro de época, entre outros. As possibilidades são inúmeras. No caso do Airbnb dá para ver comentários de viajantes que já participaram dos eventos, que são todos pagos.
Já uma viagem a dois oferece uma oportunidade única de conhecer mais sobre o parceiro ou parceira de viagem, seja um amigo, amiga, casinho, amizade colorida, namoro… Viagens com mais de duas pessoas podem oferecer uma oportunidade única de diversão, sobretudo noturna. Mas caso você não esteja viajando sozinho, atenção: embarcar em uma aventura com alguém que você conhece pouco pode trazer surpresas, tanto positivas (“uau, que pessoa bacana”) ou negativa (“aff, que cara chato! Quero que esse tormento acabe logo e eu possa voltar para minha casa”). Eu, particularmente, prefiro não arriscar, mas aí vai de cada um. Se você está planejando uma viagem com alguém com quem você tem pouca intimidade, organização é, mais uma vez, fundamental. É bom definir quais são os interesses nas cidades visitadas. Um quer focar em museus e outro em compras? Uma pedida é definir um ou mais dias livres para que todo mundo volte contente (e sem se matar). Isso vale até para relações de longas datas. Uma vez, em Veneza, eu queria muito ir a uma exposição sobre Roma e os Bárbaros. Uma amiga-irmã que estava comigo queria ir em outra. “Ok, nos vemos no fim da tarde?”. E assim pude dedicar deliciosas horas na mostra, sem pressa, curtindo cada detalhe sem ninguém para me apressar. No fim do dia nos reencontramos, felizes (quem não fica de bem com a vida quando faz o que gosta?), a tempo de ver o pôr do sol tomando um delicioso sorvete.
2) Gosta de visitar lugares históricos? Pesquise antes.
Isso é uma coisa minha, não é uma regra (aliás, odeio regras). Mas uma dica que dou é: se você gosta de história e não quer curtir só baladas ou restaurantes, é sempre bom antes da partida dar uma estudada. E nem precisa gastar com caros guias impressos (eu adoro, mas devo admitir que estão fadados à prateleira de antiguidades). Pode ser pesquisando sites mesmo. Como aquela cidade surgiu? O que há por trás dos principais pontos turísticos? Uma coisa é chegar, por exemplo, no Coliseu, em Roma, admirar aquela construção e seguir adiante. Outra bem diferente é chegar lá sabendo que aquele verdadeiro estádio da Roma Antiga foi inaugurado no ano 80 d.C. e que comportava até 80 mil pessoas! Além de abrigar batalhas de gladiadores e feras trazidas da África, o espaço podia ser inundado para simulações de batalhas marítimas, com o objetivo de treinamento.
Agora me diga você. Faz ou não faz diferença? Vejam que são informações mínimas, mas que já mudam a forma como olhamos um monumento. Desse modo, podemos chegar nesses locais e realmente imaginar como era no passado. A pesquisa pode ser feita in loco, na hora da visita? Sim, claro. Mas você dependerá de um guia (como já disse, amo guias, mas tem horas que dá vontade de jogar aquele trambolho pesado pro alto) ou de um celular ou tablet (ah, com bateria). E pense que você estará em um lugar caótico cheio de turistas, eventualmente exposto ao calor ou frio intenso, cansado de bater perna, talvez com fome e já pensando em qual trattoria fará a refeição, com um olho no Coliseu e outro nos batedores de carteira que se proliferam em cidades muito visitadas, segurando sacolas com comprinhas (elas sempre surjem, é inacreditável) etc. É ou não é melhor separar umas horas antes da viagem para descobrir o passado dos lugares? Eu particularmente acho que a viagem já começa aí, entre a compra das passagens e o embarque.
3) De olho na passagem. Aquelas três letrinhas querem te dizer algo…
Como falei lá em cima sobre organização, esse é um dos pontos principais a ser seguido. Volto a bater nessa tecla. Um amigo meu descobriu, já na hora do embarque em Guarulhos com destino a Londres, que chegaria à capital inglesa pelo aeroporto de Heathrow e a conexão para Amsterdã sairia de Gatwick! Na hora da compra no site da British Airways, ele não reparou em três letrinhas básicas que indicavam que o voo vindo do Brasil pousaria em LHR (sigla para London Heathrow) e o avião seguinte decolaria de LGW (London Gatwick). Mas convenhamos, a British poderia ter facilitado as coisas: muitas companhias avisam na hora da reserva quando há a necessidade de mudança de aeroporto. E olha que meu amigo deu sorte de ter o segundo voo em um aeroporto relativamente perto, pois Londres tem nada menos que seis deles! Além dos dois já citados há ainda Stansted (STN), City (LCY), Luton (LTN) e Southend (SEN). No caso dele, foi uma correria, mas no fim deu tudo certo.
Vai chegar por um aeroporto e decolar por outro? Há opções mais baratas que taxi e uber, tais como trens e ônibus. Os sites dos principais aeroportos do mundo já trazem todas as informações, como preços e tempo do trajeto. No Brasil, por exemplo, algumas companhias aéreas oferecem transfer gratuito entre Congonhas e Guarulhos (bom checar sempre as regras e horários nos sites das empresas). Vai para Argentina e fará conexão em Buenos Aires? As Aerolíneas Argentinas disponibilizam aos passageiros um ônibus entre Ezeiza (que recebe a maioria dos voos internacionais) e o Aeroparque (com maior gama de voos domésticos). Algumas cidades têm ainda a comodidade de metrô e trem dentro dos terminais, próximos ao desembarque, como Londres, Paris, Cidade do México e São Paulo. Vale a pena consultar o maravilhoso Urban Rail, que é bem completo, ou os sites das companhias de transporte urbano.
Mas, seja em qual cidade estiver, sempre, sempre, sempre calcule conexões com um tempo razoável de deslocamento. Lembre-se que você terá de desembarcar, pegar as malas de mão, ir até as esteiras das bagagens despachadas, mofar esperando pela sua, procurar o ponto de saída do ônibus, fazer a viagem (os aeroportos são sempre bem distantes um do outro, isso sem contar com o trânsito), descer no destino, fazer novo check-in, novos procedimentos de segurança, se arrastar meio zumbi até o novo portão de embarque (principalmente se tiver tomado algum remedinhos para o pânico de voar — sempre receitado por um médico, hein?). Muita coisa, né? Melhor fazer tudo com calma do que na correria.
4) Os moradores realmente têm as melhores dicas
Como já disse no primeiro ponto dessa lista, informação é tudo (aff, como estou repetitivo). E quando ela vem de alguém que conhece a cidade como a palma da mão, aí é uma maravilha. Uma coisa que amo fazer é puxar papo com pessoas que detecto serem nativos (ou que moram) na cidade que estou. Sim, quem viaja sabe que muitas vezes dá para detectar quem é e quem não é turista de longe. Puxar papo com pessoas na rua e perguntar dicas de restaurantes bons e baratos nas redondezas é a minha cara. Foi assim que, numa viagem pela costa Amalfitana, na Itália, eu, meu marido e um amigo fomos parar em um restaurantezinho escondido em Ravello. Já estava fechando, mas a dona, simpaticíssima, nos recebeu. Fizemos os pedidos, basicamente perguntando o que tinha de bom para comer. As massas, claro, chegaram quentíssimas e estavam deliciosas. Quando acabamos, lá vem a proprietária encher novamente os nossos pratos, sem cobrar nada a mais no final. E ainda ganhamos deliciosas sobremesas feitas com limão (fruta que vai em tudo por lá). Com direito a repeteco, claro, e sem aparecer na conta. Qual o endereço? Olha, eu nem lembro do nome do restaurante, muito menos em que rua fica. Mas se você estiver em Ravello e quiser comer bem, pergunte a alguma velhinha ou velhinho na praça. Capaz de ser o mesmo que nos deu a dica, ainda firme e forte nos seus 110 anos de idade.
Mas nesse quesito, só tome cuidado com locais com muitos turistas, como Times Square, Torre Eiffel etc. Além de ser mais difícil de achar um morador local, os poucos que ali estão geralmente têm pouca paciência com visitantes e suas mil perguntas. Nesse caso é melhor se afastar algumas quadras em busca de uma informação bacana.
Se hospedar em um quarto oferecido por aplicativos como Airbnb ou Couchsurfing, além de ser uma baita economia, também propicia um contato com a moradora ou morador (caso opte por um quarto em uma casa que o anfitrião também more, ao invés de um apartamento inteiro). Isso pode render dicas preciosas, sobretudo nas redondezas. Mas é bom, antes de bater o martelo sobre onde ficar, dar uma olhada nos comentários deixados por antigos hóspedes e ver se eles revelam um pouco do perfil do anfitrião. Muitos apenas dão as chaves da casa e cada um que se vire. Outros se mostram mais abertos a conversas.
5) Que mal há em uma mala?
Em tempos de malas despachadas cobradas (a peso de ouro), vale a reflexão: será que eu consigo viajar só com a mala de mão? Minha mãe é mestra nisso. Ela viaja na ida com uma mala de mão e compra franquia extra para a volta (ela tem alma de mercador, adora um mercado de pulgas, um antiquário, um lojinha que vende tecidos des-lum-bran-tes e baratíssimos). Mas viajando só com bagagem de bordo ou não, uma coisa é certa: ninguém gosta de sair arrastando peso por aí, não é? Vale a pena botar a mão na consciência na hora de escolher o que levar. Eu geralmente coloco tudo em cima da cama e vou tirando o que julgo desnecessário. Levo peças que combinam entre si. E se a viagem for longa, não precisa levar uma peça por dia! Lavanderias estão aí pra isso. Lembre-se da máxima: menos é mais.
Mas falar é fácil, né? Uma dica — que eu dou, mas não sigo — é não deixar para fazer a mala em cima da hora (meu deus, é uma dica tão fácil, não sei qual motivo me leva a não cumprir essa regra). É fato que, se feita às pressas, é mais provável que a bagagem leve peso inútil. Sabe aquele livro pesadíssimo e super denso e profundo que você está enrolando há meses e que não avançou nem 10%? Bem, provavelmente não será em sua viagem de descanso de final de semana que você vai deverá-lo. Melhor deixar na mesa de cabeceira de casa e encarar os fantasmas da procrastinação da leitura na volta ao lar.
Não sabe fazer uma mala? Há vários vídeos no YouTube de gente craque no assunto ensinando o passo a passo. Até coloquei um em uma matéria sobre malas aqui no rivotravel. Sempre vale a pena reler histórias como a da estudante que transporta parte das roupas dentro do forro do próprio casaco, para fugir das políticas de restrição de peso das companhias aéreas…
Espero ter ajudado com as dicas, em breve volto com mais aqui no rivotravel. Tem algo para contribuir? Algo que te ajuda na hora de viajar? Comenta aqui embaixo ou escreve um e-mail para contatorivotravel@gmail.com — toda ajuda será bem-vinda!