Cias. aéreas novas: empresas estreantes no mercado assustam quem tem pânico de voar?
Quando surge uma companhia aérea nova no mercado nacional ou internacional, como o caso da Itapemirim, que estreia dia 29 em um voo entre São Paulo (Guarulhos) e Brasília, os AVGeeks (os “loucos” por aviação) comemoram, pois é sempre uma alegria, uma renovada no amor pelos mundo dos aviões. Mas e as panicadas e panicados? Será que eles sentem mais medo em voar com uma empresa novata? Ou o pânico é igual? Fomos ouvir nossos seguidores no instagram para saber um pouco mais sobre o assunto.
Mas antes vamos falar um pouco da ITA (como é também chamada a Itapemirim Transportes Aéreos). Ela faz parte do Grupo Itapemirim, bastante conhecido pelos brasileiros, sobretudo por quem pega estrada e vê os ônibus amarelos, marca da frota da empresa (a cor também foi escolhida para os aviões).
Inicialmente, a ITA vai operar em oito cidades: São Paulo (Guarulhos), Rio de Janeiro (Galeão), Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Porto Seguro. A previsão é de chegar a 35 localidades em 2022, atendidas por 50 aeronaves (a estreia será com oito).
A ITA afirma que será a única companhia a operar voos domésticos no Brasil com franquia de bagagem gratuita para todos os passageiros, além de oferecer mais espaço entre as poltronas em todas as fileiras de suas aeronaves, proporcionando mais conforto durante a viagem, e marcação de assentos sem nenhum custo adicional.
Mas nem tudo são flores no campo da ITA. A começar que o grupo Itapemirim está atualmente em recuperação judicial. Como explicou uma matéria do UOL Economia sobre o assunto, “a ideia da recuperação judicial é tentar um acordo entre a empresa em crise e todos os credores dela (pessoas e empresas que têm algo a receber). Tudo sob a supervisão da Justiça. A recuperação judicial, versão moderna da antiga concordata, começa com um pedido da própria empresa que passa por dificuldades. Ela ganha um fôlego com a suspensão temporária de cobranças, mas precisa apresentar uma estratégia de recuperação”.
Outro ponto que pode deixar os panicados e panicadas com as mãos tremendo é que a frota já tem uns bons anos de “estrada”. Isso não torna voar com a ITA perigoso, afinal sabemos que, com boa manutenção, é possível voar longe e por muito tempo. A idade média da frota da ITA (composta por quatro Airbus A320) é de 15,5 anos – as unidades iniciais vieram de outras companhias aéreas ao redor do mundo. Em 2020, a idade média da Azul era de 6,1 anos, contra 9,1 anos da Latam e 10 anos da Gol (os dados são de janeiro de 2020. Ou seja, a ITA é nova, mas chega ao mercado como a mais velhinha a voar pelo Brasil.
Agora se tem uma coisa que certamente está deixando os novos passageiros e passageiras da ITA com muita irritação é que a empresa ainda nem decolou e já está cancelando um monte de voos. Segundo o jornal O Globo, a baixa procura foi a responsável pela decisão da empresa (a taxa de ocupação estava em 45% dos assentos, quase metade das concorrentes). A redução foi mais forte em algumas rotas, chegando a ir de um voo diário para apenas um por semana. A ITA até está prometendo voucher de passagens grátis de ida e volta para quem for prejudicado, mas os relatos mostram que a comunicação com a companhia por meio dos canais de contato está bem turbulenta, deixando muita gente “no vazio”.
E quem sofre de aerofobia, afinal? O que acha disso tudo? Fomos ouvir nossos seguidores e seguidoras. “Medo igual ao que sinto voando nas antigas”, disse Joanna Ada. “Medo sempre”, resumiu categórica Vivian Brondi.
Mas muita gente disse que “simmmmm”, que o medo bate mais forte quando se pensa em voar com empresas novas. Vamos ver o relato de quatro panicadas?
“O medo em viagens de avião sempre esteve comigo, estar no ar não é a mesma coisa de estar por terra, a gente se sente sem controle, confinados numa lata, não é mesmo? E quando a companhia é nova, ai meu Deus, o coração dispara. Não compro passagem de cara, espero as viagens serem corriqueiras pela empresa. Precavida, penso que aquela situação de que às vezes é preciso se adaptar às novas atividades e ajustar em prática, quero dizer em voo, para pensar em viajar com uma nova companhia. Isso acontece também quando eu faço viagens no interior de algum país e não conheço a companhia ou os modelos de avião, aí é rezar muito, muito mesmo, e se possível apelar para todos os Santos de todas as religiões que eu conheço, rezo muito, e as minhas preces não são só para mim mas para toda a população que esteja no avião, pois se tiver alguém desprotegido, o moço lá de cima pode querer acertar as contas, né?
Lorena Reis, psicóloga
“Bem, eu tenho pavor de voar em qualquer companhia aérea, porém, em uma recém nascida, eu evito mais. Porque não se sabe nada dela ainda. Como é o voo, se voa alto ou baixo ( o que influencia nas turbulências) etc.
Eu sempre pesquiso muito antes de viajar, e numa nova companhia, não se sabe muito. Então, prefiro esperar pra me sentir mais segura”.
Melissa Negreiros, corretora de imóveis
Eu tenho muito medo de voar! Voei muito pouco até meus 25 anos, mas depois me mudei de São Paulo para Rondônia e tive que aceitar que era voar ou não ver mais a família. A partir disso já foram muuuitas horas de vôos nacionais e internacionais, já que apesar de não gostar de voar, adoro viajar. Esse medo somando à ideia de voar em empresas estreantes, me dá um certo frio na barriga, especialmente quando usam frota que não é nova! A sensação da falta de experiência dos tripulantes, o receio da manutenção mal feita, somado à crise que estamos passando, me deixa com a pulga atrás da orelha! Curioso que com a Azul, porém, não tive medo, pois dizia-se à época, que só usariam jatos novos da Embraer. Claro que em um país como o nosso, onde a baixa concorrência só prejudica o consumidor, ter uma nova companhia aérea deveria animar, né? Mas só um panicado sabe explicar a sensação”.
Carolina Montai, professora
“Com certeza sinto mais medo (em voar com empresas novas), pois não existe ainda histórico de acidentes para ela, né? Pois quando viajo em alguma companhia nova, fora do país, sempre pesquiso antes sobre se é segura, sobre quem faz a manutenção, acidentes etc. Então se já tenho medo em qualquer companhia imagina em uma que está começando e ainda não tem a experiência”.
Marcela Leite, contadora
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Quanto a mim? Estou com Lorena, Melissa, Carolina e Marcela! Prefiro uma companhia já consolidada no mercado, que a gente já conhece, já viu a cara dela, até mesmo já viajou. É aquela coisa: abriu uma padaria nova na esquina de casa, oferecendo até promoção. O cheirinho de pão quente saindo do forno é tentador. Eles prometem “um novo conceito em panificadora” (eu acho muita graça no termo “um novo conceito”, geralmente quer dizer “a mesma coisa, só que com uma embalagem um pouco diferente”). Mas não adianta, não troco pela padaria na qual vou sempre, na qual sei que horas sai a fornada da tarde, a que eu já conheço os funcionários e funcionárias e que eles sabem que eu gosto de pão mais torrado. Pode ser coisa de gente medrosa, mas prefiro abraçar a tradição, até mesmo na hora de chorar de medo a 30 mil pés de altitude. Mas toda minha torcida para que a ITA nos proporcione pães deliciosos. Um dia provarei!