Há lugares no avião que dão mais chances de sobreviver?

Quando estou voando, basta uma pequena turbulência para despertar minhas dúvidas: “se o avião cair, estou sentado em um bom lugar?”. Aliás, dá para falar em bom lugar quando o assunto é acidente aéreo?

Sim. Dá, sim.

 
Não. Não não não não não não não. NÃO. Nunca vai acontecer com a gente, né?

Não. Não não não não não não não. NÃO. Nunca vai acontecer com a gente, né?

 

Em 2007, a centenária revista norte-americana sobre ciência e tecnologia Popular Mechanics fez um estudo que analisou os acidentes aéreos nos EUA nos 26 anos anteriores e constatou algumas coisas. Se dividirmos um avião em três partes, sendo a do meio a da região das asas, o terço final is the place to be: quanto mais para trás, melhor.  Passageiros sentados nessa parte do avião, segundo o estudo, têm 40% mais chances de sair com vida de um acidente aéreo com mortes. Quem senta nas primeiras fileiras têm apenas 49% de possibilidade de se salvar. Engraçado que é justamente nessa parte que as empresas colocam a primeira classe e a executiva — e, nos voos de classe única, aqueles assentos com mais espaço para pernas, com pagamento de taxa extra. Ou seja, é pagar mais para ficar na fila dos azarados!

Em 2015, a prestigiada Time fez um estudo sobre o assunto e chegou a resultados similares. Ou seja, o babado é certo. Essa última pesquisa também lembrou fatos que já sabemos, mas que acabamos esquecendo. Um exemplo é o de prestar atenção nas comissárias de bordo no momento em que elas explicam os procedimentos em caso de emergência. Até para dar apoio moral a elas, uma vez que quase ninguém presta atenção. O outro ponto importante é localizar a saída mais próxima à poltrona (para correr para lá se necessário). Alguém faz isso? Eu faço, quero saber bem para onde ir em caso de um acidente.

 
Sabe aqueles sinais de saída de emergência? Eles não estão ali à toa

Sabe aqueles sinais de saída de emergência? Eles não estão ali à toa

 

Ainda segundo a Time, o pior lugar para se sentar é no corredor em poltronas no meio do avião. Como as asas são dois grandes tanques de combustível (sabiam disso? as asas são ocas!), dá para imaginar o estrago. Também é importante lembrar que, em caso de queda, há uma série de posições a serem adotadas, como abraçar os joelhos em posição fetal — eu disse fetal, não fatal, pelo amor de Jeová. Atitudes como essa aumentam a chance de sobrevivência, dizem especialistas. Um caso recente de pessoas que estavam no fundo do avião e sobreviveram é o acidente envolvendo o time da Chapecoense, na Colômbia, em novembro de 2016. Quatro dos seis sobreviventes estavam na parte traseira do avião.

 

Localização dos tanques de combustível no Boeing 747-400 (à esquerda) e no Airbus A380 (à direita). Ficar perto dessas asas... sei não (clique para ampliar)

 
 
Posições recomendadas em caso de acidente (da esquerda para direita): para crianças; bebês (em cadeira tipo bebê conforto); adultos (duas posições) — retirado do cartão de segurança da Jetstar Airways (Austrália)

Posições recomendadas em caso de acidente (da esquerda para direita): para crianças; bebês (em cadeira tipo bebê conforto); adultos (duas posições) — retirado do cartão de segurança da Jetstar Airways (Austrália)

 

Ou seja, quanto mais pro fundo, mais chances de sobreviver! E pensar que aqueles assentos são justamente os mais negligenciados na hora das reservas online, sobretudo pelos mais apressadinhos que amam ficar cheirando o cangote dos pilotos lá na frentona e adoram se levantar tão logo o avião para — ou mesmo antes. Eu, mesmo sem ter lido sobre o assunto, sempre procurava me sentar na penúltima fileira (a última sofre com a impossibilidade de deitar o encosto). Acho que já era meu inconsciente trabalhando a favor. O lado negativo de ser da galera do fundão, sobretudo para panicados como eu, é que as extremidades da aeronave são justamente onde as turbulências são sentidas com mais força. Outra desvantagem é a proximidade com os banheiros... mas o que é um pouco de mau cheiro diante da manutenção da VIDA?

Deixando o papo mórbido de lado, uma coisa é certa: voar é muito seguro. As estatísticas estão ao lado dos passageiros, sobretudo daqueles que têm pânico de voar. Dizem que é o segundo meio de transporte mais confiável no mundo, perdendo apenas para o elevador. A propósito, conheço uma pessoa que morre de medo de elevador. Não tem jeito: enquanto houver um transporte fechado no qual a pessoa não tem controle sobre ele, haverá de ter um panicado a bordo.