Como conhecer duas cidades com apenas uma passagem

Uma boa dica para quem está indo de uma cidade para outra e não se importa em pegar trechos com conexão é pesquisar voos com paradas longas (mais de seis horas, sugiro) nos aeroportos de troca de avião. Muitas vezes as passagens são até mais baratas, pois a maioria das pessoas opta por voos diretos. Uma busca mais detalhada nos sites das companhias aéreas pode revelar boas surpresas. Foi assim que, uma vez, eu e Rafael — editor deste site — escolhemos um voo da Air Baltic de Roma para Tallinn (a linda capital da Estônia) com uma conexão de sete horas em Riga — capital da Letônia e onde está localizado o hub (aeroporto principal) da companhia. Mas antes de mais nada é preciso levar em consideração algumas coisas, como checar se a sua mala vai ser despachada diretamente pro destino final. Geralmente é, mas é bom confirmar. No nosso caso, mandei um e-mail para a empresa, que foi respondido em poucas horas. Sei que não é de praxe isso, mas no caso da Air Baltic eles foram super profissionais e confirmaram logo a boa notícia.

Caso a bagagem precise ser retirada, veja se no aeroporto de conexão há lockers (armários para guarda de volumes). Quase sempre tem. Uma olhada no site do aeroporto já revela isso. Ou então pesquisar no google, tipo “luggage storage airport X”. Esse de Heathrow, o principal de Londres, por exemplo, já diz quanto custa, por períodos que vão de duas horas até mais de 72h (usar tais serviços compensa o trampo que é sair arrastando mala ou mochila por aí). A indicação também vale para estações de trem. Não costuma ser baratinho, em todo caso. 

 

Foto por Manuel Sá *

 

Uma dica super importante é avaliar que horas chega e sai o voo. Uma vez fiz um voo São Francisco – São Paulo pela AeroMéxico, com conexão na Cidade do México. Cheguei super cedo na capital mexicana e o voo pro Brasil só decolava perto de meia-noite. Foi um inferno. A cidade é ENORME (sim, já sabia disso) e perdi muito tempo em deslocamentos. Além disso, estava de virote, pois não consegui dormir no primeiro trecho da viagem. Em casos assim, é melhor pegar uma conexão mais rápida e deixar para conhecer a cidade em outra ocasião. Nada pior do que fazer uma corrida maluca.

No caso de Riga, pesquisei e vi que o aeroporto não era muito distante do centro histórico. Além disso, havia a possibilidade de comprar, no site da empresa Air Baltic ou no aeroporto, um voucher para taxi, usando cartão de crédito internacional - ou seja, não precisamos trocar euro pela moeda local. Isso foi em 2013, na época eles ainda não adotavam a moeda comum europeia. Fiz isso também uma vez em Viena, num voo Reykjavik (Islândia)–Roma. O trem que vai  e volta do aeroporto austríaco ao centro é super rápido. Geralmente esses trens são mais caros. Há sempre opções de ônibus, mais baratos, porém mais demorados. Se o tempo for curto, vale a pena pegar o trem. Convém ver quanto tempo leva cada meio de transporte. 

Pesquise também, em fóruns da internet, sobre o trânsito na cidade. Alguns habitantes de Riga me responderam, dizendo que, por ser um domingo, não encontraria dificuldades em chegar e sair do centro. E foi o que ocorreu. Além disso, a cidade não é tão grande, o que ajudou muito nos deslocamentos. 

Tem que ter em mente o que se quer ver. Apenas passear pelo centro (o que já é uma ótima pedida)? Ou visitar algum museu ou atração turística específica? Nesses casos é bom contar o tempo de visitação, preços dos ingressos e, sobretudo, os horários da bilheteria. Tudo isso dá pra encontrar facilmente nos sites dos locais em questão (e muitos têm a versão em inglês). 

 

Foto por Manuel Sá *

 

A questão central de tudo é, como já disse, calcular bem o tempo disponível e estar atento ao horário de embarque do segundo voo. Lembre-se que, uma vez que você terá saído do aeroporto, terá de passar novamente pelos procedimentos de segurança e imigração, o que pode significar filas longas.

Pedir informações sobre a cidade a ser visitada no próprio avião é uma boa. Avalie o humor das comissárias de bordo e, após a entrega e recolhimento do serviço de bordo, vá até o fundo do avião e puxe um papo. No voo da Air Baltic dei a sorte de conhecer uma funcionária super fofa que me deu várias dicas do que ver em algumas horas em Riga (um post sobre a cidade virá no futuro). Não deu sorte com as comissárias? Tente ver se quem senta ao seu lado é um habitante local (ou se conhece a região). Costuma dar certo também. Tudo isso, claro, não exclui a importância de se pesquisar de antemão, na internet ou onde mais conseguir, sobre os principais pontos de interesse da cidade.

 

Foto por Manuel Sá *

 

*As fotos incríveis que ilustram este post são da autoria do arquiteto e fotografo Manuel Sá. Conheça mais do seu trabalho visitando o seu instagram!

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