Famosos também choram: Tatá Werneck e o pânico de avião
Olá, panicadas e panicados, como vão? A matéria que publicamos na semana passada, sobre mulheres que passaram a ter medo de voar após a maternidade, me fez lembrar de uma mãe (ou seria futura mamãe, visto que a filha ainda não nasceu?): é a hilária atriz e apresentadora Tatá Werneck, que está grávida da primeira filha. Bem, no caso dela, a aerofobia é companheira já há muito tempo — espero que não piore após o nascimento da primogênita. Para quem não conhece Tatá, ela começou, em 2010, a carreira na MTV, onde fazia inúmeros programas cômicos. Três anos depois, foi para a Globo, para participar de novelas como Amor à Vida e I Love Paraisópolis. E em 2017 estreou o divertidíssimo programa de entrevistas Lady Night.
Tatá é gente como a gente. Literalmente. Morre de medo de voar. E eu me identifiquei muito com a forma como ela trata do assunto, em entrevistas que dá ou em comentários nas redes sociais: misturando humor e leveza (rir não é o melhor remédio?), mas também com seriedade quando o assunto pede. Até mandei, por meio de amigos de amigos de amigos da atriz, duas perguntinhas para ela. Sonhei alto? Sim. Seria um luxo ter um minientrevista com a comediante aqui no site, já pensou? Não rolou. Mas não tem problema. Ela já falou sobre o assunto em inúmeras ocasiões. O material em texto e fotos é farto. Aliás, Tatá, me chama pro entrevista com um especialista, quadro do Lady Night no qual ela conversa com um, bem, como o nome já diz, um especialista. Pois sou expert em ouvir panicadas e panicados! Recebo cada história… Drama, comédia, ação. Tem de tudo. E amo todos os relatos que vocês me mandam. Até imagino o quadro gravado, excepcionalmente, fora do estúdio, em um avião! Já pensou, os dois gritando e falando atrocidades?
Ok, de volta para a realidade, pois o foco aqui é a aerofobia da carioca. Em uma entrevista a Jô Soares, Tatá, por exemplo, saiu com essa pérola de comentário sobre voar: “Tenho de tomar remédio, ir de cadeira de rodas, uso fraldas…”, disse a comediante. Nota do rivotravel: certamente a parte das fraldas é uma brincadeira exagerada de Tatá, mas como muitas panicadas e panicados relatam pavor à ideia de se levantar durante o voo, mesmo para ir ao banheiro, fica aí uma dica paliativa — e um tanto quanto bizarra. A Jô Soares, a atriz completou: “Fico desesperada, toda cagada, tenho medo mesmo. Quando estou no aeroporto eu fico tensa porque eu tenho de ser simpática enquanto eu fico fazendo a divisão de bens (em caso de acidente): minha mãe fica com essa casa, meu pai fica com esses boletos, porque eu fico desesperada. Esse é o momento que eu fico realmente insegura”.
Aparentemente, o medo de voar já deu uma aliviada na vida da artista, que costuma viajar com bastante frequência, por motivos de trabalho. Em 2014, ela deu uma entrevista à revista QUEM. “Eu acabei de voltar da África (do Sul), de um retiro na província de Hoedspruit. Eu tinha medo de voar, e fui sozinha de avião pra lá, e depois voei em um teco-teco com parafusos saindo, foi aí que perdi o medo”. O que seria um cenário de filme de terror para panicadas e panicados acabou funcionando como uma terapia forçada para Tatá. Curiosamente, neste mesmo ano ela dublou a personagem Dipper, uma extrovertida avião-tanque, no filme de animação Aviões 2 - Heróis do Fogo ao Resgate.
Mas, infelizmente, parece que o efeito foi temporário, pois não demorou muito para a aerofobia da atriz voltar. Em 2016, durante gravações da novela Haja Coração, Tatá deixou de pegar alguns voos por mau pressentimento. “Lembro que perdi cinco voos. Entrei em três e saí porque senti que era minha hora e não queria prejudicar a galera”, relembrou a Jô Soares. “Depois, estava no avião de novo, à noite, uma mulher levantou e falou: ‘Estou grávida e não vou nesse voo’. E aí falei: ‘Eu também estou e não vou’”, contou, aos risos.
Tatá leva numa boa as próprias limitações. Já tirou fotos divertidas em aviões, todas postadas em sua conta pessoal no Instagram. Em uma delas, faz uma pose digna de praticante de ioga. Em outra, ela aparece dormindo ao lado de uma amiga com uma improvável pera na cabeça. A humorista também já contou que, certa vez, acordou no colo de uma mulher que estava no assento ao lado — passageira que Tatá não conhecia. E em algumas ocasiões ela parece até relaxar um pouco. Em um voo para Miami (EUA) junto à colega de profissão Ingrid Guimarães, a panicada famosa fez poses descontraídas e brincou na legenda da foto: “De pijama no avião (que roubamos depois. E que vou dar de Natal pra minha tia e dizer que comprei em Miami)”, escreveu. Pela cara de felicidade nem diríamos que ela tem pânico de avião, não é? Vai ver que o remedinho bateu legal.
Entretanto, nem tudo são risos quando o assunto é a aerofobia de Tatá. No ano passado, por exemplo, ela embarcou em Orlando (EUA), mas teve de sair do avião por uma crise de falta de ar — o motivo não foi divulgado. Além disso, ela já se viu obrigada a fazer inúmeras viagens entre Rio de Janeiro e São Paulo de carro, por não conseguir encarar a ponte aérea entre as duas cidades. Outra situação bem chata aconteceu também em 2018. Ela postou em sua conta no Instagram uma foto tirada em um aeroporto. Nela, a atriz aparece sentada em uma cadeira de rodas, usando capuz, óculos escuros e almofada de pescoço, com uma expressão apreensiva. “‘Tatá, você tem medo de avião?’. ‘Não. Viajo numa boa’”, escreveu, de forma irônica, a artista na legenda. O post recebeu vários depoimentos e mensagens de incentivo de fãs, muitas delas e deles relatando medos similares. “Achei que era só eu… Adorei ler os comentários, assim não me sinto sozinha e, de quebra, ainda vejo conselhos para tentar amenizar”, disse uma fã. “Era esse o objetivo. Muita gente tem medo”, respondeu Tatá. E esse é também o lema do rivotravel: compartilhar o assunto, para que ninguém se sinta sozinha ou sozinho nessa jornada.
Esse post de Tatá no Instagram rendeu muitos comentários negativos também, vindos de internautas que interpretaram a foto como ofensiva aos cadeirantes. “Desnecessário usar a cadeira de rodas para fazer uma brincadeira idiota, né, moça?”, disse uma internauta. Tatá respondeu: “Desnecessário fazer pouco caso do pânico dos outros também. Estou levando da melhor forma e brincando com algo que é um problema para mim”, disse. Mais adiante, tornou a tocar no assunto: “Estava sedada e jamais brincaria com isso. A cadeira de rodas também é usada quando alguém está dopado e não consegue andar. Estou expondo uma intimidade para dividir com você algo que eu passo e brincar com isso é minha maneira de encarar a vida”, disse. Olha, te entendo muito, Tatá. Às vezes estou tão sedado, para mascarar o medo de voar, que mal consigo andar. A gente leva como pode, né? Nem que precise de uma ajudinha medicamentosa (com auxílio médico sempre, já escrevemos sobre isso aqui) ou um braço amigo para chegar ao portão de embarque. O pânico é real. Mas isso não significa que a gente não possa brincar com ele. Assim, quem sabe enganamos nossos cérebros e diminuímos o tamanho desse monstro.