Cinco dicas que podem transformar sua viagem — #03
Já faz um tempão desde que escrevi o último “Cinco dicas que podem transformar sua viagem”. Estava com saudades. Não vou explicar o conteúdo da matéria pois o título é autoexplicativo. Esta é a terceira edição desta série do rivotravel — vocês podem conferir a primeira e segunda respectivamente aqui e aqui. Sem mais delongas, vamos lá!
1) Planejar e se deixar levar
Organizar uma viagem, além de ser uma delícia, ajuda a minimizar riscos e a economizar. Deixando para última hora, o viajante estará exposto a tarifas aéreas mais caras, os melhores hotéis e airbnbs já reservados por outras pessoas, aquele cobiçado musical pode estar com ingressos esgotados etc. Agora mesmo estou organizando uma viagem para Brasília, para visitar parentes e amigos. É para daqui a três semanas, antecedência que não é o ideal, mas infelizmente acabei deixando para última hora. Minha meta primeira é: ver quanto vou gastar. Coloco na ponta do lápis os voos, as hospedagens e o aluguel de carro (e a gasolina, caríssima) para o período — quero ir com meu marido para algum destino ecológico perto, como a Chapada dos Veadeiros. Além disso, Brasíllia requer carro para a locomoção. Depois de chegar a um número final de gastos com uma viagem, é hora de bater o martelo. Feito isso, falta ainda elencar alguns pontos turísticos que não podem ficar de fora da visita, vendo os dias e horários de abertura — e conferindo isso em sites confiáveis e atualizados, não vá se basear naquele post de 2009 de um blog duvidoso. Já fiquei sem ver uma exposição que tanto desejava pois não chequei se ela estaria aberta no período em que estaria na cidade. Depois de toda essa programação, acho que é hora de relaxar. Não precisa definir com antecedência como será cada dia. É interessante “deixar a vida te levar”. O que não der pra ver, não deu, paciência. E é bom também ter uns períodos de ócio ou descanso. Lembro até hoje de uma longa soneca rejuvenescedora no gramado de um parque público de Estocolmo. Deu pique para continuar o dia de pedaladas pela capital sueca. Estabelecer metas é bom, mas flexibilizar ajuda a tornar tudo mais leve.
2) Energia extra
Hoje em dia, o celular já virou um companheiro de viagem. Serve para checar endereços de reservas, horários de voos, meios de transporte, para pegar dicas de bares e restaurantes, comprar bilhetes de museus e até do transporte público. Além de, é claro, fazer fotos e vídeos para as redes sociais ou para a posteridade. E se a bateria acabar no meio do dia? Com tanto uso, é bem capaz disso acontecer. E o viajante pode ficar na mão. Uma blogueira que sigo conta a odisseia que foi retornar para o hotel em uma cidade italiana sem saber o nome do hotel nem o endereço, muito menos o trajeto que teria de fazer para o regresso. Que perigo, hein? Por isso, recomendo comprar um bom “powerbank”, como são chamadas as “baterias extras” que você carrega na tomada, guarda na bolsa ou na mochila e, caso precise, pode conectar ao celular para mantê-lo funcionando. Não custam tão caro assim e podem salvar uma viagem. E coloquem também na carteira um papelzinho com o nome, endereço e telefone do hotel onde estão hospedados. Vai que…
3) Onde vou ficar?
Seja hotel, hostel ou airbnb, a localização de sua hospedagem pode influenciar na forma como você vai apreciar a viagem. Em geral, recomendo as pessoas a ficar perto do centro da cidade, mesmo que custe um tantinho mais caro. Pense um pouco: você está investindo tempo e dinheiro na viagem, talvez nunca mais volte àquela cidade, então, se possível, opte por gastar um pouco mais para ficar hospedado em um espaço bem localizado, mesmo que isso signifique sacrificar refeições em ótimos restaurantes. Pesquisando bem dá para achar quartos compatíveis com o orçamento e que não ficam escondidos nos confins do cabrobró do Judas. Assim, você economizará tempo e energia sem precisar de grandes deslocamentos para as principais atrações, sem falar nos custos de bilhetes de ônibus e metrô. Se for em Roma, por exemplo, onde o sistema de transporte público é ruim e limitado, ficar longe do centro histórico pode levar a muita dor de cabeça — já passei por muitos apertos por lá. Quer coisa melhor do que acordar meia horinha mais tarde, tomar um bom café da manhã, botar o pé na rua e já estar perto de tudo que quer ver? Lógico que tudo depende. Digamos que você vai passar só dois dias em uma cidade e que o objetivo é explorar bem um grande museu distante 25 quilômetros do centro. Vale a pena ficar hospedado perto do museu? Claro que vale!
4) Se ligue na programação cultural
Estar aberto às possibilidades pode trazer grandes surpresas. Quando estiver planejando a viagem — ou mesmo quando já estiver chegado ao destino — busque por sites, blogs e publicações que trazem a agenda cultural da cidade. Foi assim que eu fui a um show de uma banda que amo (a Massive Attack) em Roma, a um jogo de basquete maravilhoso no Madison Square Garden, em Nova York (e pagando bem mais barato, comprando em um site que vendia ingressos de quem era associado, mas não poderia ir ver a partida) e a uma maravilhosa exposição sobre Roma e os Bárbaros em Veneza (amo Idade Média). Vale a pena fuçar os sites já no começo dos planejamentos da viagem, para ver com antecedência a lista de shows, concertos e apresentações culturais diversas no período em que estará na cidade.
5) Como se diz “cair na gandaia” em outro idioma?
Uma coisa que amo fazer é ir em festas na casa de moradores locais. Geralmente é barato (basta comprar uma bebida em um mercadinho) e ir curtir a night. Isso depende, é claro, de ter canais certos. Antes de viajar, peça a amigos próximos que te conectem virtualmente a amigos que moram nas cidades para onde você está indo. Ou use o maravilhoso site Couchsurfing (já falamos dele aqui) para se apresentar (na cara e na coragem mesmo) e conhecer pessoas locais que possam te carregar junto para festas na casa de moradores ou em outros espaços — essa última modalidade exige mais coragem e um tanto de privilégio masculino. Mas o Couchsurfing costuma ser bem de boa. De uma forma ou de outra, é sempre uma ótima forma de praticar a sociabilidade e línguas estrangeiras, mesmo aquelas cujo seu conhecimento é parco. Além de pegar dicas preciosas de onde ir, onde comer (e beber, é claro) e como evitar passeios fajutos. Lembro de farras memoráveis, como em Barcelona (quando voltei para a casa de meu amigo de madrugada, bêbado e pedalando — aliás, é permitido usar a bicicleta depois de uns bons gorós?). Ou de um bar onde eu era o único estrangeiro em Lima. Ou conversas em quatro línguas em um charmoso apartamento em Paris. Teve também uma vernissage em uma galeria de arte que acabou em muito (muito) vinho em Buenos Aires. Mas acho que a mais surreal foi uma festa em uma casa em Bergen, na Noruega, com direito a dançar funk carioca (para escândalo geral dos noruegueses) e fazer juras de amizade e amor eterno a desconhecidos. Teve ainda aplausos a um ser embriagado que aproveitou a estrutura aparente do telhado para fazer acrobacias no estilo parkour. E ainda quase secar sozinho uma garrafa de cachaça que havia levado para meu anfitrião do Couchsurfing, que, obviamente, não viu nem a cor da branquinha. Ou seja, se tiver a oportunidade de ir a uma festa na casa dos outros fora de sua cidade, se jogue!