Lidando com turbulências em voos
“Mexe, mexe pro lado, mexe, mexe pro outro” (TCHAN, É o)
“Vai sacudir, vai abalar” (AMOR, Cheiro de)
Que atire a primeira máscara de oxigênio quem nunca ficou nervoso dentro de um avião durante uma forte turbulência. Se a pessoa for panicada como eu, então, é pavor puro. Já fizemos aqui no rivotravel uma matéria sobre como a natureza tem impacto nos voos, citando vulcões, raios, tempestades solares, dentre outros (você pode ler a matéria aqui). Mas como nenhum deles é mais comum que a turbulência, nada mais justo falarmos um pouco mais dela por aqui. Então segura forte no terço (no patuá ou na mão do passageiro ao lado, mesmo que desconhecido) e vem comigo!
Antes de entrar em detalhes técnicos, é muito importante lembrar da importância de ficar sentado com o cinto de segurança afivelado, pois em caso de uma turbulência repentina, a passageira ou passageiro pode ir parar no teto do avião (do lado de dentro, pelo menos). Isso pode, sim, causar ferimentos —é a causa número um de ferimentos em acidentes não fatais. Volta e meia são noticiados casos assim. Além disso, os bagageiros podem se abrir e tudo sair voando (medo!). Em 2016, uma forte turbulência deixou 12 feridos em um voo da Avianca entre Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina). O acidente ocorreu quando a aeronave sobrevoava a Cordilheira dos Andes, zona com muita incidência do fenômeno natural.
O Brasil, obviamente, não está salvo de turbulências. Um caso assim envolveu um voo da Latam entre Fortaleza (CE) e Aracaju (SE). “O avião estava chegando a Aracaju, de repente veio um barulho forte e a aeronave despencou de forma brusca. Depois da queda de altura, percebemos que o avião começou a voltar a subir, nunca passei por uma turbulência tão forte, e olhe que viajo quase todos os dias. As pessoas começaram a rezar dentro da aeronave, muita gente chorando”, contou ao site G1 o passageiro Antônio Policiano. Deus me livre disso! Quando passo por uma turbulência leve sou sempre o primeiro a gritar. Graças a Jah nunca peguei uma trepidação forte. Uma vez, antes da decolagem de um voo da TAP entre Lisboa e Salvador, o comandante anunciou que ia fazer um desvio na rota para evitar uma tempestade tropical. Quase desfaleci. Agora te pergunto: qual a necessidade disso?
Mas, afinal, o que é uma turbulência? É como se fossem imperfeições na “estrada”, causando trepidações. Que nem quando o carro passa por um trecho de asfalto mais irregular. E assim como os motoristas, os pilotos “tiram o pé do acelerador” e diminuem a velocidade. A turbulência é causada pela movimentação do ar em grandes altitudes e que faz com que o avião balance. Ela acontece quando existe uma mudança brusca na temperatura, na velocidade ou na pressão do ar. O avião se mantém no ar graças à força de sustentação, criada pela passagem de ar pelas asas do avião. Quando acontece uma mudança na velocidade do ar, a sustentação também varia. Assim, o avião fica instável. Geralmente dentro de uma nuvem encontram-se sucessivas correntes de ar ascendentes e descendentes. Como o avião se “apoia” no ar, quando passa de uma corrente ascendente para uma descendente (ou vice-versa) ele toma um “mexidão”.
É comum a troca de informações entre pilotos para saber como está o caminho. Com base nisso, eles tomam a decisão fazer pequenos desvios nas rotas, para manter a viagem calma. E será que o modelo da aeronave interfere nisso tudo? A resposta é: sim. Quanto maior o avião, mais estável ele tende ser. Mas isso não impede as surpresas. Recentemente, circulou na internet uma série de fotos de um Boeing que pegou uma turbulência de surpresa bem na hora do serviço de bordo. O avião ficou todo sujo (e os passageiros também, é claro). Deus me livre parte 2.
E não custa relembrar: não, turbulência não derruba avião (até já derrubou, mas no passado — a tecnologia aeronáutica avançou muito e os aviões são mais resistentes). Mas que turbulência mete um medo no coração do panicado, ah, isso mete. Deus me livre parte final!