Como é voar na Iceland Express
Olá, amigos do rivotravel! Vou compartilhar com vocês minha experiência com a Iceland Express. Sim, Islândia! Desde pequeno sonhava em conhecer a “Gelolândia”. Claro que fui em agosto, no verão, porque o inverno deve ser sem condições para turista brasileiro não acostumado com neve. Mesmo assim, até em geleiras eternas andei! Saí da belíssima Copenhague, capital da Dinamarca, onde, na época, morava uma amiga brasileira, Daniella Sasaki (antes, ela morava no interior da Finlândia; hoje, na Inglaterra).
Compra
Compramos a passagem diretamente no site da Iceland Express. No mesmo dia, aproveitamos para alugar um carro, com o qual demos a volta na ilha em sete dias. Paisagens incríveis! A compra da passagem foi muito simples (depois, na Islândia, percebi que a simplicidade e a objetividade são traços da cultura local… bem, exceto a língua, que de simples não tem nada). O preço da passagem não foi barato, até porque estamos falando da Islândia, um dos países mais caros do mundo. E olha que os preços ficaram mais acessíveis aos turistas estrangeiros depois da crise que afetou o país e derrubou a renda da população em 2008.
Eu já assinava a newsletter da empresa há alguns anos, em busca de promoções. Curioso que, de vez em quando, eles mandavam coisas espirituosas, bem engraçadinhas. Tipo: “Observar pássaros é tão ultrapassado. A moda agora é observar baleias!”. Enfim, acho isso simpático, menos sisudo. A cotação das passagens no site é dada em dólar, dólar canadense, libra, euro, coroa islandesa (moeda local) e coroa dinamarquesa, sueca e norueguesa. Boa parte dos voos da companhia saem de Londres e de Copenhague (a Islândia era colônia dinamarquesa ate meados da década de 1940 – os dinamarqueses não são bem vistos por lá).
Check-in
Bem, o check-in no aeroporto de Copenhague foi tranquilo. Fiz em um dos totens do saguão (eram novidade para mim na época) e depois despachei a mala, sem problemas. A Iceland Express deve ter algum tipo de acordo com a SAS (empresa escandinava da Dinamarca, Suécia e Noruega), pois o cartão de embarque tinha a logomarca da SAS. No controle de segurança, tive de deixar umas latas de leite condensado que uma amiga estava mandando por mim para a família com a qual morou por um ano. Bobeei total sobre a questão do transporte de líquidos em malas de mão. Tive de deixar também uns desodorantes.
Mesmo já tendo mostrado o passaporte na fila da imigração, todos tiveram de mostrar novamente na porta do avião. Deve ser porque a Islândia não faz parte da União Europeia. Mesmo com esse detalhe, o embarque foi incrivelmente rápido, fato certamente auxiliado pelos poucos passageiros.
Avião
A respeito do avião, confesso, não reparei qual era o modelo (que tipo de amante da aviação eu sou? Na verdade, devo ter reparado, mas minha memória é péssima). Minhas recordações indicam que era um boeing 737.
Provavelmente não me lembro direito devido à empolgação (eu realmente estava eufórico como uma criança). Mas olhando agora a foto que mostra a parte final do avião, achei estranha a turbina. Não parece a de um 737, então fiquei na duvida. A companhia tinha também Airbus e 757 na frota, entre outros. Alguém aqui consegue identificar o modelo pela turbina? Acho que era um 757, tenho 90% de certeza.
Uma curiosidade: minha amiga disse que no voo de volta que ela pegou com a Iceland Express — voltamos em dias diferentes — viu que havia instruções escritas em português no banheiro da aeronave. Ela chegou a perguntar para a aeromoça, que lembrou que, normalmente, os aviões passam por várias companhias aéreas ao redor do mundo. Ou seja, será que era um 737 antigão da Varig? Vai saber…
Voo
Enfim, voltando ao meu voo de ida. O dia estava bem claro, típico dos verões escandinavos. O avião me parecia meio velho. As poltronas em couro, dispostas em duas fileiras de três poltronas em cada lado, mostravam o desgaste do tempo. Vim sozinho na fileira, então pude deitar tranquilamente, coisa que meu 1,86m de altura agradeceu. Curioso é que o sistema de entretenimento consistia em TVs que ficavam presas no teto do avião, uma para cada grupo de sete fileiras de poltronas. E realmente pareciam bem velhas! O avião também não era um primor de limpeza. Era algo que eu não esperava de uma companhia aérea de um dos países com maior IDH (índice de desenvolvimento humano) do mundo, mesmo sendo uma companhia low cost. Em todo caso, o monitor não foi usado durante o voo, nem para passar a rota.
Fora isso, tinha a revista de bordo da companhia, bem simpática e bem diagramada (o design escandinavo é famoso mundialmente), com dicas úteis para turistas, explorando bastante as belezas naturais do país. As aeromoças eram atenciosas, mas de forma direta, sem muito rodeios. As janelinhas cheias de riscos (alguns bem profundos) eram prova da idade avançada da aeronave.
O avião estava bem vazio, talvez pelo fato da população islandesa ser bem pequena (o país todo tem apenas 300 mil habitantes, cerca de metade na capital, Reykjavik, e cercanias). Além disso, o isolamento geográfico deve dificultar a chegada de hordas de turistas. O voo, tranquilo e com zero de turbulência, ocorreu em um céu absurdamente azul e uma luminosidade incrível (bem, é o que se pode esperar do norte da Europa no verão, quando os dias terminam meia-noite ou 1h da madrugada, isso quando terminam!)
Serviço de bordo
Não ofereceram lanche, apesar do voo ter pouco mais de três horas de duração. Deram apenas uma garrafinha de água mineral muito simpática, com Pure Icelandic escrito no rótulo – a água da Islândia é ótima. Com tanta geleira e pouca poluição, não poderia ser diferente.
O voo passou rápido, dormi um pouco e na outra parte do tempo fiquei devorando o guia da Lonely Planet sobre a Islândia que comprei em Copenhague. Quando o avião se aproximou da Islândia, foi muito surreal. Ver tantas geleiras. E a paisagem mudava a cada segundo. Tantas formas e cores. Nenhum sinal de cidades ou vilas. E, no pouso, um grande mar de rochas. Parecia um pouso em Marte.
O aeroporto internacional da capital, Reykjavik, fica na vizinha cidade de Keflavik. Era o antigo aeroporto militar usado pelos americanos na Segunda Guerra Mundial. A Islândia era estratégica por estar no meio do caminho entre os EUA e a Europa invadida por Hitler. Na aproximação de Keflavik, o cenário vira lunar. Incrível! Tudo por conta da origem vulcânica da ilha. Pedras, pedras, pedras… Um islandês me disse que a palavra na incompreensível língua local para dizer arbusto é a mesma para floresta, pois eles não têm grandes coberturas vegetais. A Islândia é um misto de fogo e gelo.
A volta, com muita tristeza, ocorreu 15 dias depois — após mais de 2.200 quilômetros rodados ao redor da ilha. De lá, fui para a Itália, visitar parentes. A viagem foi com conexão em Viena (novamente avião vazio) pela companhia Niki (fundada pelo ex-piloto de automobilismo austríaco Niki Lauda e hoje subsidiária da Air Berlim), cujo símbolo, bizarramente, é uma mosca. Como tinha sete horas de espera para a conexão para Roma, acabei deixando a mala em um locker no aeroporto e pegando o trem que liga o aeroporto de Viena ao centro da cidade em apenas 17 minutos. Foi ótimo, dei uma volta em Viena de graça por umas quatro horas. Mas não gostei muito do que vi, achei Viena uma Paris sem graça. Na verdade, acho que não gostei muito porque estava com um começo de febre. Certamente já era por conta das saudades da Islândia.
*Esse post sobre minha experiência com a companhia aérea Iceland Express foi originalmente publicado no site Melhores Destinos em dezembro de 2012.