C'era una volta
Tem gente que odeia viajar. E não falo só da parte chata, ter de fazer malas, perder horas no aeroporto, se espremer todo na classe econômica, enfrentar hordas de turistas nos pontos de maior visitação das cidades etc. Falo de gente que gosta de ficar em casa, mesmo tendo a possibilidade financeira ou de tempo para viajar.
Esse, definitivamente, não é o meu caso.
Amo me preparar para viajar. Aquele frisson todo: pesquisar sobre os locais que serão visitados, estudar um pouco da história local, fazer a lista do que vai ser colocado na mala. Tudo isso me encanta. Em alemão tem até uma palavra para explicar isso. Wanderlust, ou em português, "desejo de viajar", é um termo que descreve uma forte vontade de caminhar, de ir a qualquer lugar, de viajar. Também é caracterizado por um saudosismo, ou uma sensação de saudade de algum lugar no qual nunca se esteve antes. Obrigado por explicar, Wikipedia.
Dizem que sagitariano é assim mesmo. Signo de fogo, asas nos pés. Fiz faculdade de comunicação, e o deus grego associado ao curso é Hermes, o mesmo deus dos viajantes. É o protetor das estradas. Está tudo explicado. Estava escrito nas estrelas. Acho que minha própria árvore genealógica já me impulsiona a seguir adiante. Sou filho de uma suíça com um italiano nascido e criado em Salvador (BA). E o lado suíço ainda por cima tem uma perna na Armênia. Já estive em vários países, sendo a Islândia o mais “exótico” até agora (como eu odeio essa palavra). Meu sonho é conhecer todos os países do mundo. Dizem que dá.
Viajar melhorou muito meu inglês, e me fez ser mais solto, mais comunicativo. Quem já viajou para o exterior sabe que, às vezes, é preciso apelar para o “enrolation”, para a mímica, pro que for preciso para ser entendido. Aprender francês, por exemplo, foi uma meta que coloquei para mim após ser super maltratado em Paris. Hoje, me comunico bem na língua. Cometo vários erros, é claro. Mas, na minha visão, língua tá aí para isso: para comunicar. Italiano falo bem melhor, mas, coitada da língua, só é falada na Itália e em uma pequena parte da Suíça. Espanhol eu arranho, na cara e na coragem. Cheguei a estudar o idioma, mas, aff, gente é muy parecido com o português, me embaracei todo. Alemão? Minha nova meta, por motivos de: língua falada na cidade-natal de minha mãe, Zuríque, e por meus parentes suíços. Desejem-me sorte, inclusive — muito diferente de tudo! Mas vou encarar. Uma palavra eu já sei: wanderlust; e quinhentos e cinquenta e cinco. Sério. Peçam para a moça do google translator falar 555, é muito bom.
Viajar sozinho é ótimo (nada melhor do que fazer o que quiser, na hora que quiser). Viajar com namorado ou namorada é ótimo (nada como encostar a cabeça no peito do amado vendo uma bela paisagem). Viajar com amigos? Maravilhoso. As baladas ficam realmente especiais. Na Islândia, pude ficar em contato comigo mesmo vendo tanta beleza natural, que mudava a cada curva (e é verdade, lá tudo está em constante modificação). Na Nova Inglaterra, virei menino outra vez, chutando montes de folhas secas do outono no chão. No Peru, encarei o medo e pulei em um rio da Amazônia mesmo tendo pescado uma piranha horas antes (aquele rio era tão bonito, não tinha como não dar um pulo). No interior da Inglaterra vi que nós, brasileiros, falamos o inglês da série Friends e não entendemos patavinas de outros sotaques. No Rio de Janeiro, no Pão de Açúcar, percebi como somos pequenos frente ao mundo.
É assim que gosto de ser. Bem-vindo ao meu clube (que final poooooooooodreeeeeeeeeee).
Vou até continuar pra esquecer.
Então, o rivotravel.com não é minha primeira incursão na web. O fogo é tão grande que de 2007 à 2010 mantive o blog C’era una volta — nada muito sério, mas foi ótimo na época para dar vazão a esse fogo que sobe e me consome todo (citei Harmonia do Samba sim.) Viajar sempre foi minha paixão. Nunca tirei o blog do ar, portanto pra quem ficou curioso é só… deixar pra lá. Foca aqui. Muito melhor!